MST comemora 15 anos de lutas e conquistas no Rio em festa com amigos
Por Leandro Uchoas
Especial para a Página do MST
Reunidos pelo afeto e pela militância, todos sabiam que não era aquele o momento mais nobre, nem o local mais importante. Sabiam que, representados por aquelas pessoas, havia muitas outras, e simbolizados por aquelas danças, o suor e a lágrima de uma década e meio: anos a fio de reuniões, ocupações, mobilização e resistência.
Por Leandro Uchoas
Especial para a Página do MST
Reunidos pelo afeto e pela militância, todos sabiam que não era aquele o momento mais nobre, nem o local mais importante. Sabiam que, representados por aquelas pessoas, havia muitas outras, e simbolizados por aquelas danças, o suor e a lágrima de uma década e meio: anos a fio de reuniões, ocupações, mobilização e resistência.
Na sexta-feira (9/12), o MST comemorou seus 15 anos no estado do Rio de Janeiro, ao lado dos amigos e amigas. A celebração aconteceu do modo como esses setores sempre estiveram: juntos.
Reunidos em duas colunas, frente a frente, no auditório do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ) utilizaram de canto, dança, filme e discursos para, basicamente, recordar.
Entre o som de uma e outra canção, a história da atuação do movimento no Rio foi contada desde o princípio, em 1996. Em verdade, o relato inicia ainda nos anos 1950, com os conflitos de terra na Baixada Fluminense, devido ao avanço da especulação imobiliária.
As primeiras ocupações de terra começam em 1997, em usinas sucroalcooleiras. Neste ano, já chegam ao coração da indústria de cana-de-açúcar, na região de Campos. O maior assentamento do estado, o Zumbi dos Palmares, ameaçado atualmente de ser afetado pelo desvio de traçado da BR-101, foi uma conquista daquele ano.
Atualidade
Nos anos seguintes, segue a trajetória de luta do Movimento, até os dias conturbados da atualidade, quando a Reforma Agrária deixou de ser pauta de todos os governos, o Brasil se torna recordista mundial de consumo de agrotóxicos e fica com o papel destinado pela comunidade internacional de exportador de produtos primários.
“É pelo amor a essa pátria, Brasil, que a gente segue em fileira”, dizia a canção do vídeo de abertura, sintetizando o espírito do movimento. Todas as pessoas se apresentaram.
O discurso de José Batista, da Coordenação Nacional do MST, demonstrou a sensação de que a Reforma Agrária está, cada vez mais, fora da pauta do governo federal. “Em agosto, fizemos uma grande luta em todos os estados do Brasil, e o governo se comprometeu, reconhecendo que a Reforma Agrária não estava avançando”, disse, lamentando que depois a opção não tenha se confirmado. “Vamos buscar novas formas de pressionar o governo. O orçamento da Reforma Agrária é um dos mais baixos de todos os tempos esse ano”, completou.
Farta representação
A atividade contou com presenças ilustres como o militante italiano Cesare Battisti, vítima de forte pressão do governo de seu país por deportação, causando uma crise diplomática com o Brasil, e o advogado homenageado Miguel Baldez, parceiro histórico do movimento.
“O MST é a nossa utopia em construção”, disse Baldez, que também homenageou dois militantes do MST. Estiveram, também presentes o deputado federal Chico Alencar (PSOL) e o estadual Robson Leite (PT). Diversos setores da sociedade civil organizada estavam representados, declarando apoio.
Houve ainda uma homenagem emocionada a Egídio Brunetto, ícone do MST que morreu há duas semanas num acidente de trânsito. “O Egídio foi um dos maiores entusiastas de solidariedade internacional”, afirmou Marina dos Santos, integrante da Coordenação Nacional do MST.
Ao final, um coquetel simples foi oferecido aos presentes, junto a pequenos brindes. Integrantes do movimento organizaram na semana passada, no Centro do Rio, uma feira de produtos da Reforma Agrária, vendendo alimentos orgânicos a preços acessíveis. Como a feira, a festa seguiu como se suspeitava que seria, com alegria e solidariedade. Merecidas, por certo. Longa vida ao MST do Rio.