Estudantes da PUC em luta convidam MST no aniversário do Massacre de Eldorado dos Carajás
Por Guilherme Almeida
Da Página do MST
Cerca de 70 pessoas participaram de debate sobre o Massacre de Eldorado dos Carajás promovido pelos estudantes de jornalismo e multimeios, que fazem parte do centro acadêmico Benevides Paixão e ocupam a Ouvidoria da PUC-SP, nesta terça-feira, quando completou 16 anos do assassinato de 21 trabalhadores rurais no Pará.
Por Guilherme Almeida
Da Página do MST
Cerca de 70 pessoas participaram de debate sobre o Massacre de Eldorado dos Carajás promovido pelos estudantes de jornalismo e multimeios, que fazem parte do centro acadêmico Benevides Paixão e ocupam a Ouvidoria da PUC-SP, nesta terça-feira, quando completou 16 anos do assassinato de 21 trabalhadores rurais no Pará.
A atividade contou com a presença de Igor Felippe, coordenador da comunicação do MST, e Leonardo Sakamoto, professor do departamento de jornalismo da PUC-SP e coordenador da ONG Repórter Brasil.
Igor Felippe quebrou as falsas noções propagadas pela grande mídia. “Aqui existe apenas uma política de assentamento”, explicou, quando foi provocado por uma estudante que leu no Estadão uma matéria que afirmava que o Brasil era o país que mais fez reforma agrária no mundo.
Os debatedores registraram a impunidade dos responsáveis políticos pelo Massacre de Eldorado dos Carajás. A ação da Policia Militar durante uma manifestação de trabalhadores rurais em uma rodovia paraense resultou em 21 mortes. Os dois comandantes da ação foram condenados, mas ainda estão soltos. O então governador do Pará Almir Gabriel (PSDB) saiu ileso.
Leonardo Sakamoto disse que o Brasil é um país conservador e que a classe dominantes resiste à mudanças. Ele disse que fica impressionado com os comentários conservadores que leitores do seu blog, que trata de assuntos relacionados a direitos humanos.
Participação
Durante quase uma hora, vários outros fatores foram expostos e relacionados com problemas da educação e repressão de movimentos sociais.
A participação dos estudantes foi intensa.
Foram citados os escrachos contras torturadores da ditadura militar.
Houve uma manifestação de solidariedade ao jornalista Lúcio Flávio Pinto, que já foi ameaçado de morte, agredido e sofreu 33 processos por veicular em seu jornal denúncias de interesse público sobre a Amazônia.
Leonardo Sakamoto fez uma boa síntese dos pontos colocados quando disse que “o Brasil precisa se resolver com seu passado”. O professor se referia à punição aos culpados do terrorismo de estado imposto à populações de geração em geração. “Quando deixamos pra lá a prisão de torturadores da ditadura militar, estamos aceitando que a PM torture hoje.”
Os assuntos convergiam para a necessidade de articulação entre movimentos sociais, movimento estudantil e sociedade civil. Igor Felippe ressaltou a importância desse tipo de debate no espaço universitário como forma de agregar pessoas em torno de luta social.
CA ocupado
O local do debate foi um espaço da PUC-SP que está sendo ocupado por estudantes de jornalismo e multimeios da universidade. O motivo é a falta de espaço físico do centro acadêmico Benevides Paixão.
Uma reforma em um prédio da instituição obrigou a direção de campus a realocar os cursos da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes (Faficla) para o chamado prédio novo.
Isso trouxe uma série de problemas ligados à precarização do espaço e, por consequência, do ensino da universidade. Salas preparadas para aulas específicas, como de dança, estão sendo prejudicadas pelas carteiras necessárias para as aulas de jornalismo e laboratórios não atendem a demanda das aulas.
Além disso, o curso de ciências sociais foi ameaçado de despejo para implantação da secretaria da Faficla no prédio novo.
Como resultado desse processo de realocação, o Centro Acadêmico e a Atlética de Comunicação perderam suas salas. Depois de oito meses de negociação com direção de campus e reitoria, os estudantes se organizaram e ocuparam a Ouvidoria, para pressionar as instâncias administrativas da PUC para resolver os problemas dos cursos.
Resultados da Ocupação
Na sexta (20), os estudantes se reuníram com o Reitor Dirceu de Mello e exigiram um espaço novo para o Centro Acadêmico até o final do dia, caso contrário a Ouvidoria se tornaria o novo Benevides Paixão. O Reitor ofereceu um espaço na área próxima à quadra de esportes conhecida como “bosque”. Os estudantes concordaram, com a ressalva de que o espaço, que está precário e com entulhos, seja devidamente reformado. As reformas começaram hoje, e devem terminar em no máximo quinze dias.