Famílias Sem Terra são ameaçadas em ações no estado de Sergipe
Da Página do MST
Alguns dias após as ações da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária se iniciarem em Sergipe, o latifúndio da região já está dando suas respostas às famílias que lutam por justiça social.
Da Página do MST
Alguns dias após as ações da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária se iniciarem em Sergipe, o latifúndio da região já está dando suas respostas às famílias que lutam por justiça social.
Na manhã desta quarta-feira (18), os acampados da Fazenda Camaçari, localizada no município de Itaporanga D’Ajuda e de propriedade de Maria Augusta Garcez, foram surpreendidos por policiais civis que ameaçaram as famílias. No início da tarde, outro carro com dois policiais apareceu. À tarde, mais um carro com policiais e outros carros com 13 pistoleiros foram juntos ao acampamento, acompanhados de um familiar da proprietária.
O clima é tenso no local, pois uma viatura da polícia civil permanece desde a noite desta quarta-feira no acampamento com três policiais a paisana. Não faltaram agressões verbais as famílias, como, por exemplo, quando disseram: “Macaco quando começa a se mexer realmente precisa de chumbo”. A área possui laudo de vistoria com parecer de improdutividade e tramita no INCRA/SE.
Outro fato foi o incêndio criminoso realizado no Acampamento Nova Independência I – com 70 famílias acampadas no local -, na Fazenda São Domingos, propriedade de Erinaldo de Oliveira, em Carira, na noite de quarta-feira. Algumas pessoas que não foram identificadas atearam fogo, deram tiros e depois fugiram do local.
As famílias que lutam pela Reforma Agrário no estado de Sergipe estão preocupadas com o que pode acontecer, ainda mais quando se trata de uma jornada em que um dos principais objetivos é justamente denunciar a violência praticada pelo estado e pelo latifúndio contra os Sem Terra, ao relembrarem dos 16 anos de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás.
Diversas ações já foram realizadas em Sergipe ao longo desta jornada, como a ocupação da fazenda Camaçari, em Itaporanga D’Ajuda, as reocupações de áreas sem andamento no INCRA, como as Fazendas Nossa Senhora das Graças, município de Santo Amaro das Brotas- acampamento Celso Furtado com 30 famílias – de propriedade de Domingos Sátio, a Fazenda Boi Bravo, propriedade da Usina Sanagro, no município de Capela, com o acampamento Pão de Açúcar com 65 famílias, a Fazenda Campos Novos, município de Carira, de propriedade de Antonio Augusto Leite Santos Neto, com 200 famílias. Além dos trancamentos em 14 pontos de Rodovias e BRs e audiências com Secretários de estado e órgãos públicos. Além disso, a sede do INCRA permanece ocupada.
Os principais pontos de pautas da Jornada são: elaboração de um plano emergencial para o assentamento das mais de 186 mil famílias acampadas e a criação de um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimentos públicos em habitação rural, educação e saúde, além de crédito agrícola.