Militantes de movimentos sociais visitam Venezuela e conhecem avanços do país


Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

Militantes de movimentos sociais brasileiros e de outros 20 países visitaram a Venezuela no mês de agosto e participaram de um intercâmbio da juventude, no qual viram as mudanças sociais implantadas durante o governo de Hugo Chávez.

De volta ao Brasil, Marcos Freitas, da Consulta Popular, Ana Paula Botelho, do setor de produção do MST, e Joca Madruga, fotógrafo do jornal Brasil de Fato, contam suas experiências na Venezuela de Chávez.

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

Militantes de movimentos sociais brasileiros e de outros 20 países visitaram a Venezuela no mês de agosto e participaram de um intercâmbio da juventude, no qual viram as mudanças sociais implantadas durante o governo de Hugo Chávez.

De volta ao Brasil, Marcos Freitas, da Consulta Popular, Ana Paula Botelho, do setor de produção do MST, e Joca Madruga, fotógrafo do jornal Brasil de Fato, contam suas experiências na Venezuela de Chávez.

Várias visitas a empresas estatizadas pelo governo foram feitas, como uma fábrica de embalagens de vidro, que antes de passar para o controle do estado tinha aproximadamente 100 trabalhadores e não funcionava todo dia; hoje, ela conta com 400 trabalhadores, que produzem 500 unidades de garrafas de cerveja, refrigerante e vidros para remédios por minuto. O maior consumidor da empresa é o Brasil, por conta do estoque que as cervejarias brasileiras estão fazendo para a Copa do Mundo.

Outra empresa visitada foi a de cimento andino, que antes de ser estatizada priorizava o mercado externo, mas agora é a principal fornecedora de cimento para o mercado interno, abastecendo o programa de habitação do governo, chamado de Grande Missão Vivenda, com casas destinadas a trabalhadores, pessoas que perderam tudo em uma catástrofe ou que moram em área de risco. As habitações são condomínio, com apartamentos espaçosos e cada prédio é autogestionado pelos moradores, com cada um se organizando de acordo com suas regras e culturas locais.

Campo

A área rural também não ficou de fora, com a visitação a uma fábrica de farinha de milho branco, usada para fazer a arepa, comida típica venezuelana, consumida diariamente. A fábrica também produzia embalagens de arroz. Segundo Marcos, “As empresas do governo tem uma política chamada de ‘ponto e círculo’. Cada empresa é responsável pela comunidade em seu entorno. As fábricas também são abertas para visitação do público, com atividades recreativas, parques para os filhos dos trabalhadores, atividades esportivas e culturais com os trabalhadores”.

Ele explica que há dois tipos de empresas no país: as de propriedade direta e de propriedade indireta. A indireta é a que o estado administra, mas que estão passando para um processo de transição, para que a administração total dela seja transmitida aos trabalhadores. Todas as empresas visitadas estão nessa etapa.

Em relação ao processo eleitoral no país, há uma polarização grande entre quem apóia Chávez e entre os apoiadores de Henrique Capriles, candidato da oposição. No entanto, a campanha de rua de Chávez é muito mais visível. Em cartazes, outdoors e prédios, a maioria é pró-Chávez. As últimas intenções de voto mostram que Chávez tem 68% das intenções de voto.  
 
Participação Popular

Quando perguntados sobre o que os impressionou mais no processo político venezuelano, a participação popular e a tomada de consciência do povo venezuelano foram os temas que mais surpreenderam.

“O que me impressionou mais foram os avanços na educação (desde o início do governo Chávez, o acesso à educação cresceu 1800%) e saúde. Educação e saúde são prioridades na Venezuela. Os jovens de lá com 21 anos já estão se formando”, conta Ana Paula.

“Fiquei impressionada com uma garota de 16 anos no primeiro ano de direito. Fala com você com uma cabeça muito madura. Além disso, dá para ver que eles amam aquele país. Eles têm um sentimento de nação, e falam com muito orgulho da história que os familiares deles viveram e o que hoje eles estão construindo para que o país possa melhorar”.

Para Joca, o mais impressionante foi ver o engajamento político da juventude. “Os jovens tem uma consciência de participação muito forte, de estar ativos nas regiões, dando sua opinião para construir esse processo. Eles têm uma força e alegria muito grande de poder fazer parte desse momento na Venezuela”.

“Eles querem melhorar ainda mais o que tem. Apesar da Venezuela ter muitos problemas que obviamente não seriam resolvidos em 13 anos, eles admitem que muita coisa ali já mudou para melhor e pode melhorar mais. É nisso que essa juventude acredita, e sou capaz de dizer que eles dariam a vida deles para defender esse ideal pelo qual eles acreditam”, destacou Joca.

Marcos citou a importância da participação popular no país. “O governo propõe políticas públicas, que só funcionam se a população ajudar a construí-las. Dessa forma, a população se apodera daquela política. Os avanços e melhorias no país não são dados à população; ela se envolve no processo de construção dessas políticas e não abandona os frutos das políticas, pois eles se sentem parte daquilo. Se o governo brasileiro quiser aprender algo com o governo bolivariano, é estimular a participação popular”.