A luta pela Reforma Agrária perde o lutador Marcelo Barth

Por Darci Frigo
Da Terra de Direitos

Faleceu nosso amigo e lutador Marcelo Barth, em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba, onde fez sua última luta, agora cotra o câncer, no dia 27 de dezembro.

Um dos pioneiros da organização camponesa durante a ditadura militar. Participou da organização do Movimento Terra e Justiça dos atingidos pela barragem de Itaipu, que depois se constituiu na organização dos sem-terra no oeste do Paraná e, mais tarde, transformou-se no MST.

O MST perdeu um dos fundadores no Paraná, mas reverencia a sua trajetória de vida de militância e coerência.

Nascido em 1944, em Itapiranga (SC), mudou-se em 1964 com o irmão Justino para uma área de mata perto do Rio Paraná, onde mais tarde surgiria a vila de Itacorá, em São  Miguel do Oeste-PR, hoje totalmente coberta pelas águas de Itaipu.

Em 1967 casou-se com Deolinda, e o casal teve 7 filhos. Em 1980 despontou como um dos principais líderes do Movimento Justiça e Terra, que reunia os atingidos pela
hidrelétrica de Itaipu na luta pela garantia do direito à terra. Lutou ao lado de lideranças como Silvênio Kolling (da família que ficou conhecida por ter sua história contada pelo Documentário “Desapropriados”, de Fredrico Fullgraff) e do Pastor Werner Fuchs (que
apoiava a luta dos atingidos e fazia parte da Coordenação da CPT-Paraná).

Um dos embriões do MST surge em 1981 dentre os atingidos por Itaipu conhecido como Mastro – Movimento dos Sem Terra do Oeste do Paraná. Depois da luta dos atingidos de Itaipu Marcelo Barth seguiu para Santa Catarina, depois viveu em um assentamento em Lucas do Rio Verde (MT), e retornou para Santa Isabel do Oeste (PR), onde, além de agricultor, atuava na equipe da CPT e acompanhava os movimentos sociais como os atingidos da hidrelétrica de Salto Caxias.

No início dos anos 90 retornou para Lucas do Rio Verde, região atualmente conhecida em âmbito nacional pela contaminação por agrotóxico usado na pulverização aérea da soja. Vivia ali com com sua família, chegando a liderar uma grande ocupação de terras com mais de mil famílias, que atualmente formou o município de Itanhangá (MT).

Durante quatro anos foi presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde e apoiou a luta pela reforma agrária na região, onde foram criados vários assentamentos de trabalhadores rurais, muitos deles graças à corajosa atuação de Marcelo, inclusive perante o INCRA em Brasília.

O corpo de Marcelo foi velado na Câmara de Vereadores de Lucas do Rio Verde e seu sepultamento aconteceu no dia 28 de dezembro. Será sempre lembrado por sua lucidez, coragem, ação coletiva e fé.