18 anos sem o professor e militante Florestan Fernandes
Da Página do MST
O sociólogo Florestan Fernandes, um dos maiores pensadores da realidade brasileira, morreu em São Paulo há 18 anos, em 10 de agosto de 1995. Durante o velório, seu caixão foi coberto pela bandeira do MST.
Da Página do MST
O sociólogo Florestan Fernandes, um dos maiores pensadores da realidade brasileira, morreu em São Paulo há 18 anos, em 10 de agosto de 1995. Durante o velório, seu caixão foi coberto pela bandeira do MST.
“Faz 18 anos da morte do meu pai. O tempo passou rápido demais! Fico imaginando como ele gostaria de estar vivendo um momento como este no Brasil. Em quantas manifestações públicas ele teria estado presente e o que andaria pensando, revendo, falando e escrevendo! Penso que a sua inteligência, criatividade e indignação com as injustiças sociais ainda nos fazem muita falta”, escreveu a amigos a socióloga Heloísa Fernandes, filha de Florestan.
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Abaixo, veja vídeo com homenagem do crítico literário Antonio Candido, que fala sobre seu colega Florestan Fernandes durante atividade realizada na Escola Nacional Florestan Fernandes no início de setembro de 2009.
Por causa da sua história de luta, empenho em transformar o pensamento em ação política e social e seu exemplo de vida e coerência, o Movimento fez uma homenagem ao lutador do povo batizando com seu nome a sua escola nacional, em Guararema, interior de São Paulo.
O pensador e ativista político está vinculado à pesquisa sociológica brasileira. Sociólogo e professor universitário com mais de 50 livros publicados, transformou as ciências sociais no país e estabeleceu um novo estilo de pensamento.
“Um grande intelectual revolucionário, como foi Florestan Fernandes, deve ser pensado em conexão com os grandes movimentos radicais, como é o MST. A conjunção de ambos neste evento é natural e anima a nossa esperança”, afirma Antônio Candido, crítico literário e professor emérito da USP.
Nascido na capital paulista em 22 de julho de 1920, Florestan começou a lutar já na infância para conquistar o próprio nome. A patroa de sua mãe o chamava de Vicente, por considerar que seu nome não era nome de pobre. Aos seis anos começou a trabalhar e, por isso, não conseguiu completar o curso primário. Terminou o ensino fundamental por meio do curso de madureza, conhecido hoje por supletivo. Na adolescência, foi vendedor de produtos farmacêuticos.
Aos 18 anos, começou a estudar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1947. Formou-se em ciências sociais e fez doutorado em 1951. Trabalhou como assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de sociologia. Em 1964 se efetivou na cátedra.
Foi mestre de sociólogos renomados. Defensor da educação pública, gratuita e de qualidade, nos anos 60 participou de uma campanha pelo país a favor da escola pública, expondo uma das falhas mais dramáticas da sociedade brasileira, que é o descaso pela democratização e generalização do ensino.
Cassado com base no AI-5, em 1969, deixou o país e deu aulas nas universidades de Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e Yale (EUA). Voltou ao Brasil em 1972 e passou a lecionar na PUC-SP. Não procurou reintegra-se à USP, da qual recebeu o título de professor emérito em dezembro de 1985. Florestan esteve ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde sua fundação.
Em 1986 filiou-se ao partido e exerceu dois mandatos de deputado federal. Foi um admirador e apoiador da luta dos trabalhadores Sem Terra. “O subdesenvolvimento, em suma, tem alimentado o desenvolvimento. Esse paradoxo só desaparecerá quando os de baixo lutarem organizadamente contra a espoliação, exigindo transformações profundas na política econômica, nas funções do Estado e na estrutura da sociedade de classes”, escreveu Florestan, que não via o destino da ex-URSS como o fim do socialismo e do marxismo, nem a globalização como a esperança dos excluídos.