MST comemora 28 anos da primeira ocupação realizada pelo Movimento
Por Iana Reis
Da Página do MST
A data tem motivos de sobra para ser celebrada. Afinal, foram 28 anos da primeira ocupação realizada por famílias já organizadas no MST: a antiga Fazenda Annoni, em Pontão, no norte do estado do Rio Grande do Sul.
Mais de 2 mil pessoas, entre personagens importantes dessa história , movimentos sociais, lutadores que acompanharam desde o início a criação do Movimento, além do próprio governador do estado, Tarso Genro, estiveram presente no ato festivo, realizado no ginásio do assentamento 16 de Março, em Pontão, na última terça-feira (29/10).
A emoção tomou conta de todos os presentes. Uma mística retomou a história da ocupação da fazenda, que se deu na noite de 29 de outubro de 1985. Mais de 20 caminhões, ônibus e carros saíram de 32 municípios do estado do Rio Grande do Sul para ocupar uma fazenda de gado de 9.200 hectares, na sua maior parte improdutiva.
Mais de 6 mil pessoas organizadas pelo MST participaram da ação, que culminou na maior ocupação da história do Brasil, marcando a história e firmando a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Companheiros e companheiras que fizeram parte dessa história foram relembrados.
Roseli Nunes, por exemplo, deu a vida pela luta camponesa e ficou marcada pela célebre frase: “prefiro morrer lutando do que morrer de fome”. Deixou três filhos, entre eles a primeira criança nascida em assentamento. Hoje, símbolo do Movimento, Marcos Tiaraju se formou em medicina em Cuba.
“Me sinto orgulhoso de ter nascido em assentamento e por ser filho de quem eu sou, mas me dói saber que assim como minha mãe, muitos companheiros e companheiras morreram em luta pela terra e por um chão. Mas que isso possa servir para nos dar força e seguir na luta”, disse Tiaraju, após receber uma homenagem.
Outras homenagens a apoiadores da ocupação também foram realizadas ao longo da atividade. Um quadro com uma fotografia da ocupação da Fazenda Annoni foi entregue a eles como uma simbólica lembrança do MST. Depois das homenagens, a tarde foi comprida com almoço e baile.
Hoje, na antiga Fazenda Annoni de mais de 9 mil hectares, vivem 420 famílias, divididas em cinco assentamentos. Os agricultores produzem, entre outros itens, cerca de 20 mil sacas de trigo, 35 mil sacas de milho e 70 mil sacas de soja por ano.
As duas cooperativas dos assentamentos são responsáveis por agregar maior valor aos produtos. Um milhão de litros de leite são recolhidos por mês pela Cooperlat. Já na Cooptar, são processados 200 bovinos e 800 suínos por mês.