Movimentos sociais ocupam área explorada pela Veracel em Mascote (BA)
Da Regional Cimi Leste
A partir da opção do governo estadual de apoiar o agronegócio em detrimento da luta dos camponeses e dos povos tradicionais do sul, extremo sul e sudoeste da Bahia e cansados da falta de ação das autoridades para reverter o atual quadro de violência e perseguição que vêm sofrendo as lideranças e pelo processo de judicialização das lutas, os movimentos sociais do campo em conjunto com os povos indígenas realizaram no último dia 17 de novembro, a ocupação da Fazenda Conjunto Santa Helena, com cerca de 1.300 hectares, no distrito de Teixeira do Progresso, município de Mascote.
Cerca de 200 famílias ocuparam a área, que a empresa Veracel vem explorando com o plantio extensivo de eucalipto. O plantio tem causado a destruição das nascentes e da biodiversidade desta região, mortes de animais e, o pior de tudo, a expulsão de famílias camponesas, o que, consequentemente, causa o desabastecimento de alimentos saudáveis para as cidades. Apesar de todos estes crimes a empresa Veracel conta com todo o apoio do governo do estado. Não é à toa que a mesma foi uma das maiores financiadoras da campanha eleitoral do atual governo.
Os movimentos sociais do campo e as entidades que apoiam a legitima ação de ocupação apresentam suas reivindicações pautadas no Manifesto “Terra para quem vive, trabalha e cuida dela!”.
Leia o manifesto na íntegra abaixo:
TERRA PARA QUEM VIVE, TRABALHA E CUIDA DELA!
Nós, movimentos de luta pela terra, povos e comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas) do sul e sudoeste baiano, sociedade civil organizada do campo e da cidade, juntamente com diversas entidades de apoio, denunciamos:
– A entrega das terras para os fazendeiros e o agronegócio (plantação de eucalipto, soja, pecuária, mineradoras, etc), que expulsa as famílias e destrói a natureza;
– A apropriação ilegal das terras públicas (grilagem) pelas empresas do agronegócio, que invadem estas terras com o aval do Estado;
– A paralisação da reforma agrária e da demarcação dos territórios tradicionais;
– O sucateamento dos órgãos responsáveis por estes processos (Incra, Funai e CDA);
– A lentidão do poder Judiciário para as emissões de posse em favor dos povos do campo e tradicionais;
– A criminalização dos que lutam por terra, território e igualdade social.
Somos responsáveis pela produção de 70% dos alimentos consumidos no Brasil.
A cada 180 hectares de eucalipto apenas uma pessoa é empregada. Em 20 hectares da agricultura familiar trabalham cinco pessoas.
Estamos mobilizados e convocamos a sociedade a nos apoiar para exigirmos:
– Discriminação das terras públicas no estado da Bahia;
– Desapropriação das terras improdutivas;
– Regularização dos territórios indígenas e reforma agrária já.
MLT, Ceta, FTL, Povo Tupinambá, Jupará, MST, Resex Canavieiras, Quilombolas, Efa-Ilhéus
Apoiam: CEPEDES , CPT, OCA, CIMI, AATR, ARES, FÓRUM DE ARTICULAÇÃO