UFFS lança fórum sobre questão agrária e declara apoio ao Herdeiros da Luta
Por Carla Maria Loop
Da Página do MST
A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Laranjeiras do Sul, no Paraná, realizou o lançamento do Fórum Permanente de Debate Científico e Ação Política: Questão Agrária e Desenvolvimento, nesta quarta-feira (2).
Por Carla Maria Loop
Da Página do MST
A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Laranjeiras do Sul, no Paraná, realizou o lançamento do Fórum Permanente de Debate Científico e Ação Política: Questão Agrária e Desenvolvimento, nesta quarta-feira (2).
Na ocasião, também foi criado o comitê de apoio ao Acampamento Herdeiros da Luta 1º de Maio, situado em Rio Bonito do Iguaçu. A atividade contou com a participação de aproximadamente 300 pessoas.
Ao fazer a abertura do fórum, o diretor da UFFS, Paulo Mayer, afirmou que “há um abismo entre o que se produz de conhecimento e o que o povo acessa”.
No mesmo sentido, Antonio Miranda, do setor de produção do MST, ressaltou que “o conhecimento entre quatro paredes, distante do povo, não nos serve. Este fórum precisa discutir as questões reais de desenvolvimento, local e regional, para construir conhecimento coletivo que some força social e se coloque contra o modelo do agronegócio, que reprime os indígenas, quilombolas, atingidos pelas barragens, agricultores familiares e sem terras”.
O Sem Terra ainda colocou a necessidade da universidade se posicionar diante das lutas sociais. “Ou ela está do lado da classe trabalhadora ou ela está do lado da classe dominante, que oprime”, expressou.
Já o cacique Sebastião, da Aldeia Indigena Kaigang, da cidade de Nova Laranjeiras, reafirmou “que a conquista da universidade no campo é uma luta da organização da região, que oportuniza todos os filhos estudarem, inclusive, dos indígenas”. Disse ainda que no atual momento de crise que vivemos, a resposta da pergunta ‘o que fazer’, é lutar.
A dirigente do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Nívea Maria Diógenes, destacou que a universidade tem que cumprir com o papel de discutir a questão agrária da região, ainda mais num momento em que há um grande acampamento colocando a pauta da Reforma Agrária.
“A aliança entre a universidade, o campo e a cidade é imprescindível para construir esse fórum e discutir um novo projeto popular, discutir a Reforma Agrária. Nessa região há o Salto Santiago, que possui uma dívida histórica com as famílias que foram atingidas em sete municípios e nunca foram indenizadas pela Tractebel”, relemboru.
Educação
Ressaltando o papel da luta pela educação, o professor Rudson Luiz Ladislau, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), refletiu sobre o sujeito que está acessando o conhecimento.
Ladislau atentou para o fato de que antes apenas os filhos dos latifundiários estudavam nas universidades, mas a partir da luta dos trabalhadores organizados, com a UFFS, conquistou-se o direito “dos filhos e agricultores familiares, camponeses, indígenas, operários e trabalhadores estudarem. Portanto nossa educação precisa discutir e aprofundar a Reforma Agrária como uma questão de justiça, numa luta unificada.”
Sob este debate, o estudante do curso de Licenciatura em Educação do Campo, Rodrigo Vieira, convocou os estudantes, professores e a sociedade em geral para participarem do fórum, que traz “o papel de colocar em prática que a universidade se pinte de povo, e de discutir o futuro dos acadêmicos na universidade.”
Ao final da atividade o professor doutor em Educação, Gracialino Dias, provocou os participantes para que ocupem e resistam para que a ciência sirva ao povo. Ao questionar a plenária sobre quem teve o pai ou a mãe que estudou na universidade, apenas uma pessoa ergueu a mão, dentre os mais de trezentos participantes.
O professor ainda resgatou o conjunto de esforço dos trabalhadores dessa região que sofrem o déficit histórico de negação ao conhecimento.
Ao finalizar a atividade, o Fórum também lançou um comitê de apoio ao Acampamento Herdeiros da Luta 1º de Maio, manifestando a necessidade de discutir a Reforma Agrária e a concentração fundiária.
“Há mais de 20 anos os pais dessa juventude, que sofreram as balas do latifúndio, construíram os assentamentos em Rio Bonito e continuam lutando pela Reforma Agrária Popular. É preciso transformação social, por isso disputamos a ciência e o conhecimento, porque não há ensino, currículo e nem política neutra. A questão agrária e o desenvolvimento precisam ser pauta comum entre os movimentos sociais e a universidade”, afirmou Dias.