PF prende presidente da Associação dos Produtores Rurais de Suiá Missú (MT)

 

Do O Documento


O presidente da Associação dos Produtores Rurais de Suiá Missú, Sebastião Ferreira Prado, o “Tião Barbudo”, foi preso pela Polícia Federal na manhã de hoje (7). Ele é acusado de associação de quadrilha, sequestro, cárcere privado e incêndio criminoso, fatos que teriam acontecido durante a desocupação dos posseiros da terra indígena Marâiwatsédé, na região do Alto Araguaia.

 

Do O Documento

O presidente da Associação dos Produtores Rurais de Suiá Missú, Sebastião Ferreira Prado, o “Tião Barbudo”, foi preso pela Polícia Federal na manhã de hoje (7). Ele é acusado de associação de quadrilha, sequestro, cárcere privado e incêndio criminoso, fatos que teriam acontecido durante a desocupação dos posseiros da terra indígena Marâiwatsédé, na região do Alto Araguaia.

A PF prendeu Tião em seu apartamento, em Goiana, por volta das 7 horas. Os agentes também levaram computadores, documentos, pen drives e CD-ROMs, elementos que podem reforçar o envolvimento do produtor nas ações criminosas que ocorreram durante desocupação em Marâiwatsédé, no final de 2012. Na época mais de 7 mil famílias tiveram que deixar a região.

O mandado foi requerido pelo Ministério Público Federal (MPF) e teve a autorização do Juiz Federal, lotado em Barra do Garças, Paulo Augusto Moreira Lima. Ao todo, a PF cumpre 30 mandados judiciais sendo cinco de prisão, oito de condução coercitiva e 17 mandados de busca e apreensão. Eles são cumpridos nos estados de Mato Grosso, Goiás e São Paulo.

A prisão de Tião é temporária e tem a duração de 5 dias para que a polícia possa interroga-lo quanto as acusações.

O MPF destaca ainda que durante as tentativas de reocupação, a intenção dos líderes do grupo responsável pelas sucessivas invasões era convencer a opinião pública de que o retorno do povo Xavante ao seu território tradicional prejudicava supostos direitos de pequenos produtores rurais e famílias humildes.

As investigações em curso, contudo, demonstram que se tratava, na verdade, da manipulação dessas pessoas para defender os interesses de grandes produtores rurais e políticos da região, que tinham fazendas dentro dos limites de Marãiawtsédé.

Incêndios criminosos

Em Marâiwatsédé indigenista e os próprios índios Xavantes relatam que os incêndios criminosos continuam na região.

Aquilo Xavante conta que os posseiros chegam em motos, “na calada da noite”, e ateiam fogo nos pastos da terra indígena . Ele, que possui família na região, disse que as chamas ainda não atingiram as aldeias Xavantes, mas alerta que se essa situação perdurar, não vai demorar para o fogo chegar até elas.

Conforme o sistema de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no mês passado foram registrado 799 focos de queimadas em Marâiwatsédé. No ano passado, no mesmo período, foram apenas 77 focos.

Conflito em Marâiwatsédé

A retirada de todos os não índios de Marãiawtsédé iniciou-se em dezembro de 2012, prolongando-se até março de 2014. Centenas de policiais e servidores da FUNAI de todo o Brasil estavam mobilizados para fazer frente às constantes reinvasões da terra indígena.

Com cerca de 165 mil hectares, a terra indígena localizada no município de Alto Boa Vista, São Felix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia, foi declarada de ocupação tradicional indígena pela Portaria 363 do Ministério da Justiça (de 1º de outubro de 1993) e teve a demarcação territorial homologada por decreto do Presidente da República em 1998.

Atualmente, cerca de 900 Xavantes vivem na área, da qual foram retirados na década de 60, durante a Ditadura Militar.

A retirada dos não-índios que ocupavam indevidamente a Terra Indígena foi determinada por decisão judicial exarada em ação ajuizada pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso.

Outro lado

A reportagem tentou entrar em contato com a Associação dos Produtores Rurais de Suiá Missú para comentar a prisão do presidente do órgão, mas não obteve o retorno das ligações.