Encontro visa o empoderamento e autonomia das mulheres Sem Terra
Por Wesley Lima
Da Página do MST
Fotos: Kleidir Costa
Por Wesley Lima
Da Página do MST
Fotos: Kleidir Costa
As oficinas possuem o objetivo de garantir o debate em torno das relações de gênero e a organicidade coletiva de trabalhadoras rurais para terem acesso as diversas políticas públicas implementadas a nível nacional e estadual.
De acordo com Elizabeth Rocha, da direção estadual do MST, “é importante construir um espaço de organização das mulheres, devido ao processo histórico de negação do protagonismo na construção da sociedade.
Para ela, as mulheres, em especial do campo, “sempre foram invisibilizadas na constituição e direção das lutas e instituições, com um papel secundário nestes espaços”.
Pensando nisto, fortalecer o processo produtivo e econômico das mulheres que estão assentadas ou acampadas é dado pelo MST como uma proposta de enfrentamento a violência e a construção da autonomia feminina nos diversos campos sociais.
As oficinas estão acontecendo em oito regiões da Bahia, iniciando-se neste segundo semestre e com a perspectiva de se encerrar em novembro, com um grande encontro reunindo cerca de 1.000 trabalhadoras rurais.
Metodologia
A princípio todas as oficinas foram pensadas para envolver 400 mulheres lideranças, acampadas e assentadas de todo o estado. Para isso, é realizado previamente um momento de mobilização e planejamento das ações pedagógicas.
Um dos principais objetivos é trabalhar o processo de formação vinculada à ação por meio de um projeto de capacitação continuada subdivididos em 17 núcleos de formação nas regionais de atuação do MST.
Os núcleos de formação (NF) possuem entre 20 e 30 mulheres, e as oficinas possuem a duração de três dias cada.
Estão sendo realizadas também atividades com as crianças, garantindo assim que todas as mães possam participar integralmente.
Temáticas
Os temas abordados procuram dialogar com a história da mulher na sociedade, o enfrentamento a violência e o protagonismo feminino na luta de classe, tendo como base suas diversas conquistas.
Assim, são três eixos centrais que norteiam os estudos das Sem Terra:
Primeiro, a história e o papel da mulher na sociedade, buscando compreender como a mulher foi sendo formada socialmente, o contexto de formação das classes sociais, sua função, sexualidade e reprodução.
Em seguida, a organização política e as mulheres, tendo como base o seu papel na luta de classes, a luta por direitos, sua organização social e política.
Por ultimo, as políticas públicas, enfatizando a legislação e as políticas específicas para as mulheres, assim como seu acesso e a construção de sua autonomia.
Para Elizabeth, “estes espaços buscam promover nas mulheres o perfil de lideranças sociais no seu espaço, por trazer informações e formação para constituição de ações de empoderamento e autonomia dentro dos assentamentos e acampamentos com acesso as políticas públicas. Queremos que esta ação possa transformar as realidades”, afirma.
Ao participar da oficina, a assentada Maria Dalva conta que a vida para as mulheres nunca foi fácil, “e a história serve como norte para observarmos isso. Eu, por exemplo, sou casada, tenho cinco filhos e sempre achei que a minha obrigação é cuidar da casa, dos filhos e do meu marido. Sinceramente, preciso cumprir o meu papel quanto mulher e trabalhadora Sem Terra”.
Já Salém Batista, também assentada, acredita que é possível realizar mudanças, mas para isso as mulheres precisam se unir e lutar contra qualquer tipo de violência e fazer do trabalho o alicerce de sua autonomia.
Este projeto de capacitação e formação está sendo construído em parceria com a Fundação Juazeirense para o Desenvolvimento Científico, Tecnológico, Econômico, Social, Cultural e Ambiental (Fundesf), Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM).
Até então já foram realizadas 12 oficinas em todo o estado, faltando apenas construir mais cinco espaços de formação e capacitação.