Em Defesa das Famílias Sem Terra e da Desapropriação do Complexo Santa Mônica
Neste dia 10 de novembro de 2014, nós, organizações sociais, sindicatos, deputados, partidos políticos e igrejas presentes na cidade de Corumbá, em Goiás, prestamos solidariedade às mais de 3 mil famílias acampadas na ocupação Dom Tomás Balduíno e defendemos:
Neste dia 10 de novembro de 2014, nós, organizações sociais, sindicatos, deputados, partidos políticos e igrejas presentes na cidade de Corumbá, em Goiás, prestamos solidariedade às mais de 3 mil famílias acampadas na ocupação Dom Tomás Balduíno e defendemos:
1. A integridade física e psicológica destas famílias, que estão pacificamente buscando seu direito de produzir alimentos e morar no campo. Por isso, reivindicamos que tanto o Governo Estadual quanto o Federal mantenham as negociações de forma também pacífica e em busca de uma solução positiva para o conflito;
2. A desapropriação do complexo Santa Mônica, composto por cerca de 90 propriedades e totalizando mais de 30 mil hectares, de propriedade do Senador pelo Estado do Ceará Eunício de Oliveira. O latifúndio foi construído expulsando camponeses que vivam nos municípios de Corumbá, Alexânia e Abadiânia, e promoveu a devastação ambiental e a depressão social e econômica desses municípios, uma vez que não consome nem vende nada na região;
3. A destinação deste latifúndio para o assentamento das 3 mil famílias ocupantes. Essa propriedade possui as características elencadas pelo próprio Governo Federal para definir uma área ideal para realizar a reforma agrária: bem localizada, entre Brasília e Goiânia, ecom terra de boas características para a agricultura;
4. A reivindicação das famílias de serem assentadas para produzirem alimentos saudáveis, de forma agroecológica, para o consumo nos municípios próximos e nos grandes centros metropolitanos vizinhos. Para isso, será necessário, além do acesso à terra, de políticas estruturantes tanto do Governo Federal, quanto do Governo Estadual, para viabilizar esse projeto que é fundamental para o povo e para o meio ambiente de Goiás.
Em um período onde o caos urbano se manifesta em moradias precárias, transporte público insuficiente e de má-qualidade, aumento da violência e padrões de alimentação que envenenam e adoecem as pessoas, a reforma agrária se recoloca como alternativa concreta e estrutural para as famílias de trabalhadores brasileiros. A criação deste assentamento trará ganhos fundamentais para a região, com a criação de mais de 10 mil postos de trabalho, dinamização da economia e sustentabilidade ambiental. A reforma agrária traz desenvolvimento descentralizado, geração de renda e qualidade de vida, conservação ambiental e a produção de alimentos saudáveis para as famílias que ainda continuarem na cidade.
Realizar o assentamento das famílias da ocupação Dom Tomás Balduíno é, portanto, uma necessidade de toda sociedade goiana e uma importante sinalização para outro modelo de desenvolvimento do país, pautado na justiça social, no meio ambiente e na vida.
Corumbá, 10 de novembro de 2014
Assinam:
Dom Guilherme Werlang – Pastorais Sociais/CNBB
Central Única dos Trabalhadores – CUT/Goiás
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Pastoral da Juventude Rural – PJR
Movimento Nacional pela Soberania Popular Frente à Mineração – MAM
Movimento Camponês Popular – MCP
Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
Prof. Dr. Eguimar Felício Chaveiro – Instituto de Estudos Sociambientais/UFG
Profa. Dra. Virgínia Fontes – Universidade Federal Fluminense e Fiocruz/RJ
Heloísa Fernandes – Socióloga
Prof. Alexandre Peixoto Faria Nogueira –UniversidadeFederal do Maranhã
Prof. Armando Boito Jr. – Unicamp
Profa. Arlete Moysés Rodrigues – Unicamp
Profa. Dra. Antonia Neide Costa Santana – Universidade Estadual do Vale do Acaraú, em Sobral (CE)
Profa. Maria Lidia Souza da Silveira- Universidade Federal Fluminense
Profa. Manoela da Silva Pedroza – Universidade Federal do Rio de Janeiro
Prof. Marcos Del Roio – Universidade Estadual de São Paulo
Prof. Luis Allan Künzle – Universidade Federal do Paraná
Ghizela Marcel – Psicóloga
Ricardo Scaléa – Termo de Cooperação INCRA – UnB
Leda Leal Ferreira, pesquisadora
Flaviane de Carvalho Canavesi – Agrônoma, doutora em planejamento urbano e regional