A resistência negra no Brasil e seu caráter revolucionário
Por Coletivo de Comunicação da Bahia
Da Página do MST
O Brasil é o segundo país em população negra no mundo. Com todo esse contingente, o mínimo esperado era termos políticas públicas que resguardassem e assegurassem direitos, mas, ao invés disso, o que se vê é um país que nega o seu racismo estrutural.
O dia da consciência Negra no Brasil foi criado em 2003 e só reconhecido oficialmente a nível nacional em 2011, mas por que instituir um dia para pensar a inserção e atuação do povo negro?
O negro no Brasil se percebe marginalizado, é parte das estatísticas que envolvem mortes, fome, prisão e desigualdade. Somente em 2017, o Brasil registrou 65.602 homicídios, esse é um índice que só aumenta com o atual governo e seus ataques.
Para Kaline Cruz, mulher, jovem, negra, Sem Terra e agroecóloga a desigualdade é o fator que constitui esse cenário.
“Não podemos aceitar que a cor da pele defina destino de um ser humano. Toda a riqueza do país concentrada nas mãos de alguns poucos, só contribui com a prática da desigualdade. A história mostra que há uma divida com o povo negro, e essa divida tem que ser paga e reparada”, diz.
Cruz ressalta que sendo mulher e negra é historicamente vitima de subordinação. “Por mais que os tempos passem o racismo continua latente, mesmo no campo isso se reflete quando os homens se reafirmam enquanto senhores do lar e tomam para si os espaços de poder, de fala e de tomadas de decisão”, afirma.
Nesse sentido, quando o Estado brasileiro nega ao povo negro direitos básicos, contribui para a exclusão social.
“Ser Sem Terra é ser vítima de um problema social gerado pela negação histórica”, afirma Raumi Joaquim de Souza, cantor, compositor e jovem negro e Sem Terra.
Segundo ele: “uma abolição feita sem uma política de reparação, não foi suficiente para garantir a dignidade do povo brasileiro. Logo, uma grande quantidade de pobres que no Brasil tem raça e cor. É o pobre, negro e Sem Terra”.
“Para mudar esse cenário precisamos de uma consciência de classe que provoque uma estratégia de luta para reverter esse quadro, só aí teremos um fator revolucionário”, finalizou Souza.
*Editado por Maura Silva