MST de Minas Gerais assume compromisso de reflorestar áreas destruídas pela Vale no 31º Encontro
Por Agatha Azevedo e Mari Rocha
Da Página do MST
Entre os dias 16 e 17 de dezembro, o Movimento realizou o 31º Encontro Estadual do MST de Minas Gerais em Governador Valadares, no assentamento Oziel Alves. Discutindo resistência ativa e a necessidade de união da classe trabalhadora, o Encontro reuniu cerca de 250 pessoas, entre parceiros, militantes e lideranças locais.
Além do balanço das atividades do Movimento no último período, o Encontro também marcou o lançamento da Jornada Nacional de Formação e Trabalho de Base e da Campanha Nacional de Reflorestamento do MST, que pretende plantar 100 milhões de mudas de árvore nos próximos 10 anos.
Com a mística da primeira bandeira do MST fincada em Minas Gerais, da Fazenda Aruega, hoje assentamento localizado no Vale do Mucuri, o Movimento renova o compromisso de lutar pela terra, pela reforma agrária e pelas transformações sociais em meio a um cenário de desafios ainda maiores, de perda de direitos para a classe trabalhadora e de acúmulo de forças neoliberais.
Silvio Netto, da direção nacional do MST, afirma que esse desafio reconfigura a forma como o Movimento faz a disputa de projeto político para o país. “Não é mais o latifúndio, nem é também o agronegócio, e sim disputar o centro do capital e sua fonte para manutenção e construção de seu projeto de país”, afirma.
Entendendo-se como instrumento político, o MST aponta a necessidade de ser alternativa para classe trabalhadora que foi expulsa do campo e vive nas periferias das grandes cidades, e atuar em conjunto com os diversos movimentos populares.
Exemplo deste trabalho de construção de novas formas de vida, José Henrique dos Santos conta que saiu de São Paulo para viver no Sul de Minas, no Acampamento Quilombo Campo Grande. Hoje em Belo Horizonte, ele contribui no setor de comunicação e no Armazém do Campo BH e participou pela primeira vez do Encontro Estadual.
Além de falar de sua realização pessoal como militante, José Henrique também ressalta que a formação humana do MST e a participação política serviram para construir dignidade para ele e sua família. Para ele, ser militante “é muito bom e ajuda no desenvolvimento de cada Sem Terra que existe de qualquer acampamento. É um lugar de preparação, de como ser preparado pro que der e vier, estudar várias coisas novas, me preparar também para as coisas que vão vir e tentar ser algo maior no setor de comunicação”.
Terezinha Sabino, do assentamento Oziel Alves Pereira, afirma que a construção coletiva desse encontro, com a participação de mulheres, crianças Sem Terrinha, parceiros, acampados e assentados, também é parte da forma como o MST pensa a produção da vida e da saúde, através da cooperação.”Viver no assentamento é viver num território de confiança, livre, conquistado com luta, e essa luta é contínua, conquistando terra, escola, saúde e créditos pra produção. A natureza do movimento, já é uma natureza de luta”, afirma.
Compromisso Ambiental
A realização do 31º Encontro no Vale do Rio Doce indicou os rumos que o MST de Minas Gerais adotará em sua estratégia para o próximo período. No local, o projeto Semeando Agroflorestas tem um de seus principais viveiros de mudas, que pretende reflorestar a bacia do rio doce, devastada pelo crime da Vale em Mariana, e também atuar no Espírito Santo, e na região metropolitana atingida pelo crime da Vale em Brumadinho, recuperando as áreas degradadas pelo rejeito de mineração.
Segundo Silvio Netto, o compromisso com o plantio faz parte do projeto do MST de promover a vida e a alimentação saudável para toda a sociedade, e o estado de Minas Gerais tem o compromisso solidário de contribuir na reconstrução da vida das famílias atingidas pela mineração predatória, e cobrar da Vale sua responsabilidade para com o povo e o meio ambiente. “Nós estamos ao longo de todo o período, desde que a nossa bandeira foi fincada na terra, lutando por toda a sociedade”.
*Editado por Fernanda Alcântara