Solidariedade e luta: MST doa 6 toneladas de alimentos em Santa Catarina

A ação faz parte do lançamento do Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular
A ação faz parte do lançamento do Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular
Doação de alimentos na cidade de Chapecó. Foto: Pamela Andrioli

Por Coletivo de Comunicação do MST em Santa Catarina
Da Página do MST

Neste último dia 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, o MST lançou em Santa Catarina o Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular. Para marcar esse dia foram doados cerca de 6 toneladas de alimentos saudáveis em Chapecó (SC), beneficiando mais de 1.200 pessoas.

Organizados em 300 cestas, os alimentos doados foram produzidos por trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra de assentamentos, localizados nos municípios de Abelardo Luz, Chapecó e Passos Maia.

Os alimentos processados e industrializados distribuídos são de cooperativas da Reforma Agrária no estado. Entre elas, se destacam a Cooperativa de Produção, Industrialização e Comercialização União do Oeste (Cooperoeste) e a Cooperativa dos Assentados da Região do Contestado (CooperContestado).

Álvaro Santin, dirigente do MST/SC, afirmou que “nós Sem Terra, somos fruto também da solidariedade do conjunto da sociedade brasileira” e complementa: “a gente partilha o que a gente tem e também o que a gente produz. Nós [famílias Sem Terra] cobramos do estado brasileiro a realização da reforma agrária e cobramos também as políticas públicas para atender as necessidades do povo.”

Parcerias

A distribuição dos alimentos foi construída em parceria com a Pastoral da Paróquia Santo Antônio, localizada na região Nordeste do estado, do Grupo de Catadores da região da Associação Esperança, Associação São Francisco (Efapi), do Sindicato das empregadas domésticas (Sintradom), Sindicato dos Trabalhadores das Carnes (Sitracarnes) e do Sindicato dos Empregados nas Empresas de Asseio (Tercerizados).

Trabalhadoras domésticas recebem as cestas com alimentos saudáveis. Foto: Pamela Andrioli

Os representantes das entidades que receberam as doações agradeceram e denunciaram as desigualdades sociais que tem se acirrado com a pandemia do novo coronavírus.

Leandra, presidente do Sindicato das Empregadas Domésticas, disse que receber alimentos saudáveis é muito importante. “A nossa classe está sendo muito prejudicada. Muitas diaristas e domésticas estão sendo demitidas […] e muitas também não conseguiram o auxílio emergencial”.

Nesse sentido, Paulo Ricardo, vice-presidente da associação de catadores Nova Esperança, reforçou que é preciso “cobrar do poder público” o “dever deles”, pois a situação de vulnerabilidade é anterior a pandemia. “Nós estamos falando do cidadão que está em sua casa e há muito tempo não tem água potável, não tem luz de verdade, não tem emprego e muitas famílias estão passando fome”, alertou o vice-presidente.

Para o padre Edivandro Luiz Frare, da Paróquia Santo Antônio, essas desigualdades e vulnerabilidades apontadas pelo Paulo Ricardo fazem parte de um sistema injusto de concentração de terras no Brasil e destacou que “a reforma agrária é um projeto político que dá certo” e que a doação de alimentos saudáveis é a comprovação de que “quem recebe a terra produz”.

Por fim, Geneci Andrioli, do setor de saúde do MST em Santa Catarina, enfatizou o papel do Movimento com as ações de solidariedade. “Nós que conquistamos uma terra, a nossa missão é partilhar os frutos dessa terra para aqueles que estão num momento de dificuldades”, finalizou.

*Editado por Wesley Lima