No Centro-Oeste, resposta para queimadas e desmatamento é plantio de árvores
Por Comunicação da Região Centro-Oeste/MST
Da Página do MST
Ameaçados, Cerrado e Pantanal constituem importantes biomas do país. Um é o berço das águas. O outro, a maior planície de inundação do mundo. O Cerrado é o bioma brasileiro mais ameaçado, alvo de enormes taxas de desmatamento e queimadas irregulares, além disso é o segundo bioma com o maior número de animais em extinção. Os incêndios, de origem duvidosa, no Pantanal destruíram mais de 3 milhões de hectares do bioma, um impacto gigantesco em sua fauna, flora e, principalmente, nas comunidades que vivem e dependem do bioma para sua existência, como povos e comunidades tradicionais.
Todos esses aspectos são intensificados no governo Bolsonaro, que promove uma política genocida e de destruição ambiental, como a intensa desregulamentação ambiental que favorece o agronegócio. Um exemplo é a derrubada de resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) que tratavam da proteção de áreas de preservação ambiental e controle de queimadas de resíduos.
Na contramão das ações perversas do governo Bolsonaro de promoção do desmatamento, a região Centro-Oeste que abriga importantes biomas do país foi palco de intensas mobilizações entre os dias 20 a 26 de setembro, durante a Semana Plantemos a Resistência: Contra o Genocídio e os Despejos – que faz parte do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis.
Em Goiás, foram plantadas 500 mudas de árvores durante a Semana Nacional. As ações começaram em Catalão, com plantio e doação de alimentos, um ato do acampamento Oziel Alves, em resistência a ameaça de despejo. No dia 25 de setembro, em parceria com outras organizações e com o Sindicato dos Servidores da Saúde do Goiás, foram plantadas 50 mudas de árvores, que vai se transformar numa agrofloresta, em homenagem aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde mortes durante o enfrentamento da Covid-19 no estado.
A atividade aconteceu na sede do Sindsaúde em Goiânia. “Sem profissional de saúde, não há combate à Covid”, alertou o presidente do Sindsaúde, Ricardo Manzi. Também aconteceram ações de plantio em assentamentos e acampamentos de outros municípios do interior do estado, como Santa Helena e Palmeiras das Missões.
No Mato Grosso, em razão da grave seca, as ações vão se concentrar em coletas de sementes.“Estamos com problema de falta d’água em todos os assentamentos. É um caso seríssimo, em razão disso vamos potencializar a coleta de sementes nas áreas de reservas dos assentamentos para plantarmos em outro momento”, aponta a dirigente estadual do MST MT, Devanir Araújo.
A juventude tem sido um dos principais atores na construção de viveiros, uma das propostas do Plano Nacional. No Mato Grosso do Sul, durante a Semana “Plantemos a Resistência”, a juventude Sem Terra do estado se organizou na construção de um viveiro com capacidade de produzir 50 mil mudas. O viveiro está sendo construído no Centro de Formação e Pesquisa Geraldo Garcia (CEPEGE), no assentamento Geraldo Garcia, em Sidrolândia (MS).
O espaço é referência no estado pela produção agroecológica e o debate da alimentação saudável, com a comercialização de cestas agroecológicas na cidade. “A proposta de um viveiro no Centro é justamente para fazer esse diálogo do plantio de árvores e a produção de alimentos saudáveis. Também estamos caminhando para a construção de um segundo viveiro, no Sul do estado, que será construído também pela juventude”, conta Mateus Gaspar, da Direção Estadual do MST/MS.
Bosque da Memória
No Distrito Federal e Entorno durante a semana foram realizadas duas grandes ações, uma nos acampamentos e assentamentos do MST com plantios e trocas de mudas. Outra atividade foi realizada na Ceilândia, maior região administrativa do DF, no dia 25 de setembro. O ato foi realizado na Praça do Eucalipto, reunindo organizações e movimentos populares da região e resultou na construção do Bosque da Memória pelas vítimas da Covid-19 e da omissão do governo Bolsonaro e Ibaneis, governador do Distrito Federal.
“Todas as atividades que realizamos ao longo da semana aconteceram respeitando as medidas de segurança em razão da pandemia. Foram atividades de resistência e defesa dos nossos territórios contra todos os processos violentos que temos vivenciado nesse período, como os desejos e a criminalização do Movimento”, comenta Sandra Cantanhede, da Direção Nacional MST/DFE.
Viveiros são exemplos pedagógicos
Em Rondônia, que enfrenta um dos maiores índices de queimadas dos últimos anos, para o dirigente estadual do MST, Camilo Augusto, as ações da Semana de Plantio funcionaram como exemplo pedagógico. “Essas queimadas estão localizadas nas zonas de expansão da fronteira agrícola e tem um vínculo com o agronegócio, principalmente a pecuária. Realizar ações de plantio e iniciar a construção do viveiro é mais que tudo uma ação pedagógica diante deste cenário de devastação e demonstra o compromisso dos Sem Terra com o meio ambiente”, aponta.
Em razão da seca, as ações no estado concentraram na coleta de sementes, envolvendo inclusive as crianças Sem Terrinha em diversos territórios, e o plantio simbólico de árvores em espaços coletivos em alguns assentamentos. O viveiro que está sendo construído no Estado terá capacidade para 30 mil mudas.
*Editado por Fernanda Alcântara