Expressão Popular lança coletânea com ensaios de Samir Amin sobre economia política

Textos são reflexões sobre a relação histórica de dependência entre o Sul e o Norte, após o período colonial

Samir Amin, economista e escritor de origem franco-egípcia. (Imagem: Reprodução/Universidade do Ceará)

Por Redação
Do Brasil de Fato/Brasília (DF)

As análises do economista marxista franco-egípcio Samir Amin (1931-2018) sobre o capitalismo contemporâneo estão reunidas no livro Somente os Povos Fazem sua Própria História, uma coletânea de 12 ensaios lançada pela Livraria Expressão Popular neste mês de novembro.

Os textos selecionados, publicados originalmente pela revista Monthly Review e produzidos no período de 2000 a 2018, são reflexões sobre a relação histórica de dependência entre o Sul e o Norte, com fim do período colonial dos grandes impérios e a ascensão do imperialismo estadunidense.

O historiador Muryatan Barbosa, especialista em temáticas africanas e do Sul global, explica que Amin considerava estarmos em uma fase “nacional-popular” de uma longa transição socialista, chamada de fase da “nova democracia”. “Sua opinião estava baseada no fracasso do socialismo real, em especial na União Soviética (URSS). Acreditava que a ideia de autarquia teria se tornado impraticável, e que deveríamos pensar numa transição socialista de longa duração, com alianças Sul-Sul e dos povos do Sul com setores progressistas do Norte global”, diz.

A coletânea tem olhar especial ao marxismo árabe e muçulmano, com a incorporação de importantes referências como Frantz Fanon e Aimé Césaire sobre o processo histórico de formação do capitalismo a partir da perspectiva dos países considerados periféricos.

Os ensaios são organizados em ordem cronológica e trazem reflexões nos campos da economia política, da história e da cultura para o entendimento, por exemplo, do capitalismo no século XXI e a transição ao socialismo, o aumento da pobreza mundial ao lado da acumulação do capital, a emergência do Islã político, o retorno do fascismo, a ascensão da China e seu impacto econômico e político no Norte global e a atualização da vocação terceiro-mundista do marxismo.

Para Muryatan, o continente africano inspira otimismo em relação a reformas concretas. “É preciso imaginar formas e práticas de regionalizações, originais. Infelizmente o quadro latino-americano recente não inspira muita confiança em possibilidades reformistas concretas neste sentido, pelo contrário. Mas na África, creio eu, a consolidação da União Africana e da SADC ainda justifica certo otimismo quanto a tal possibilidade”.

Leia um trecho:

Algumas pessoas […] acreditam que nosso tempo não é de transição socialista, mas de expansão mundial do capitalismo que, a partir desse ‘cantinho da Europa’, está apenas começando a se estender para o Sul e o Leste. […] Outros, eu incluso, veem as coisas de forma diferente. A revolução ininterrupta por etapas ainda está na agenda da periferia. Restaurações no curso da transição socialista não são irrevogáveis. E rupturas na frente imperialista não são inconcebíveis nos elos fracos do centro. (Samir Amin)

Ficha técnica

252 páginas

Expressão Popular/Instituto Tricontinental de Pesquisa Social

Formato: 14 x 21

1ª edição, novembro de 2020

ISBN: 978-65-9913-656-6

Preço: R$ 35,00

Coleção Debates e Perspectivas – Série Sul Global

Descontos

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* Editado por Leandro Melito/Brasil de Fato