Comida de Verdade

Comida de Verdade em festa! Confira as novidades do próximo programa

Em ritmo de festa de São João, com receitas típicas do Nordeste e muita música, essa semana o programa completa um ano
Comida da Reforma Agrária na Culinária da Terra, durante a 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo. Foto: Joka Madruga/MST

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Aquela comida caseira saborosa, feita com carinho, amor e ingredientes fresquinhos, vindo diretamente da roça. Uma roça de cultivos saudáveis, livre de agrotóxicos e produtos químicos, e que respeita o meio ambiente, a saúde, a cultura e os saberes populares das camponesas e camponesas. Ficou com água na boca? Quer saber onde se encontra tudo isso? No Programa Comida de Verdade do MST, que vem sendo apresentando à população ao longo desse período de pandemia da Covid-19.

Com o lema “Comida de Verdade em festa”, em ritmo de aniversário e festa de São João, receitas típicas do Nordeste e muita música de festa junina, essa semana o programa completa um ano, é nesta quarta-feira (12/05), às 19h, nas redes do MST.

Ana Chã, do setor de cultura do MST, relata que o programa desta semana terá um gostinho especial de celebração. “Nesta pandemia o MST se dedicou ao que chamamos isolamento produtivo, seguimos nos cuidando, cuidando da vida e fazendo o que sabemos de melhor: produzir comida saudável. Amanhã iremos preparar uma mesa festiva, e aproveitando o clima das festas juninas, teremos muita música, porque precisamos celebrar as conquistas nestes tempos difíceis e animar a resistência e a luta por dias melhores”.

O programa Comida de Verdade foi criado ano passado em meio ao período de pandemia da Covid-19, mas a assentada cearense e dirigente nacional do setor de produção do MST, Antônia Ivoneide, conhecida como Neném, conta que o programa veio para ficar e tem muito o que comemorar no seu primeiro aniversário.

“O Comida de Verdade não é um programa que termina com a pandemia. E nós já temos o que comemorar, um ano de vivência, de convivência e construção desse programa: a nossa resistência e a riqueza que tem sido o programa”.

A edição de aniversário desta semana traz presente um debate sobre o que é comida de verdade, uma experiência produtiva sobre a produção de alimentos saudáveis em Sistema Agroflorestal, mostrando todo processo de produção dos alimentos saudáveis, do cultivo até seu uso na preparação das receitas exibidas no programa. E como estamos na época de São João, não poderiam faltar as delícias das comidas típicas, como doces das festas juninas e muita música de sanfona, diretamente do Nordeste.

O programa também abordará elementos sobre o projeto que tem garantido a realização do Comida de Verdade neste primeiro ano, o Projeto de Reforma Agrária Popular do MST, bem como as ações de solidariedade das famílias Sem Terra, realizadas nas diversas regiões do país nesse período de pandemia e aumento da fome, além de demandas de políticas públicas para o suporte à produção de alimentos saudáveis pela Agricultura Camponesa e Familiar.

Por que Comida de Verdade?

Neném explica que o MST escolheu esse nome para o programa com a intenção de retratar a diversidade, desde o processo de produção até a preparação da comida nas áreas de Reforma Agrária, em várias regiões do país, englobando a cadeia de produção, o universo e os mistérios em torno da comida saudável e sustentável. “O Comida de Verdade é curto, portanto não consegue trazer tudo, mas traz um aperitivo, um pouco daquilo que é a diversidade da comida nas regiões do país, e principalmente a comida que vem da roça, do campo. Então, todo o nosso sentido com o Comida de Verdade era fazer essa união, do que é a diversidade da comida no Brasil todo”, afirma ela.

Ao contrário de quando a pessoa come um hambúrguer ou uma mortadela, por exemplo, e não sabe o que está comendo, pois existem vários elementos estranhos nesse produto – como substâncias químicas, entre outros, a proposta do Programa Comida de Verdade, segundo a dirigente do setor de produção do MST, é mostrar a origem da comida e alimentação que as trabalhadoras e trabalhadoras das áreas de Reforma Agrária entregam à população, ou seja, mostrar a cadeia de produção desses alimentos, a forma de cultivo do solo nos sistemas agroecológicos, o contexto de vivência, história, cultura e o conjunto de saber das comunidades envolvidas.

“Comida de verdade é aquela que tem história, é aquela que você sabe o que é, de onde vem, o que tem nela e pra onde vai o dinheiro que você paga nessa comida. Ou, o efeito dessa comida em si, portanto, você sabe todo esse processo, que pode se chamar de cadeia alimentar, ou processo de produção, preparação e vivência da comida. A comida de verdade é aquela que nutre, aquela que une, que reúne, mas também nos alimenta pro futuro, alimenta o sonho, que nos torna mais humanos”, defende Antônia.

Na mesma linha, Ana Chã salienta que para o MST a comida de verdade também carrega a simbologia da disputa política em torno da democratização da terra, da produção de alimentos saudáveis e de outro projeto de sociedade. “Para o Movimento, comida de verdade resulta da produção de alimentos saudáveis, de qualidade, agroecológicos, que respeita as culturas alimentares do povo, o meio ambiente e busca o fortalecimento de relações humanas também saudáveis, sempre que possível baseadas na cooperação. Mas, para nós, é também uma comida que carrega esse sentido político da luta pela terra, pela busca de uma sociedade mais justa, uma comida que alimenta o corpo e a alma, e que tem esse potencial transformador e educador.”

Nesse sentido, a assentada Antônia relata que o MST escolheu esse tema para a produção do programa baseado no processo histórico do que foi a experiência das cozinhas durante as feiras da Reforma Agrária, mas também com o propósito de apresentar à sociedade a diversidade e os vários elementos que compõem o universo camponês em torno da comida.

Ana Chã complementa que o objetivo do MST com o programa foi apresentar, para a base do Movimento e para a sociedade em geral, a concepção e as experiências do Movimento Sem Terra em relação à produção de alimentos saudáveis e a agroecologia.

“Isso passa por dar visibilidade às nossas principais ações do plano nacional de plantio de árvores, trazer presente a culinária da terra e a complexidade e diversidade da cultura camponesa e da classe trabalhadora. Acreditamos que uma das grandes belezas do programa é essa dimensão de ser a nossa gente contando sobre como o quê e como produzem, e sobre a sua vida nos assentamento e acampamentos!”, argumenta.

Formato e desafios

Quanto ao formato, o programa tem apresentado um conjunto de experiências produtivas desenvolvidas pelos camponeses Sem Terra nas diversas regiões do país, a preparação de várias receitas, além do contexto místico, cultural, de saberes e debates que envolvem a comida e a produção de alimentos saudáveis no país.

Os primeiros programas trouxeram presente todo processo de algumas cadeias produtivas, como o arroz orgânico, o café, mel, castanhas, leite, chocolate, entre outros, com uma diversidade de culturas e lugares. Em seguida, houve uma mudança de foco, com a apresentação de experiências em torno do que significa a comida para a juventude Sem Terra, as mulheres e vários outros elementos, em torno dos processos organizativos, culturais, de animação, anúncios e denúncias, que envolvem a luta e a resistência na produção de alimentos e acesso à comida pelas camponesas e camponeses do campo.

O programa ainda enfrenta alguns desafios em relação à qualidade na conexão da internet para uma veiculação de qualidade dos conteúdos, o que é comum no país considerando que a banda larga de qualidade não chega a toda área urbana, imagina no campo. Outro desafio apontado por Antônia, tem sido a necessidade de ampliar a audiência do programa entre a base Sem Terra.

Serviço

O que? Programa Comida de Verdade de aniversário

Quando? É nesta quarta-feira (23/05), às 19h00

Onde? Nas redes sociais do MST e outros parceiros.

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