Comida de Verdade
Comida de Verdade apresenta Arraial da Resistência!
Por Solange Engelmann
Da Página do MST
O mês é julho, mas o ritmo ainda é de festa de São João e celebração da cultura popular. Nessa toada, com muita animação, música, dança de quadrilha, receitas típicas à base de milho, fartura da roça e a resistência do povo nordestino à lógica do agronegócio e da cultura transgênica, tem a próxima edição do Programa Comida de Verdade que apresenta o Arraial da Resistência! É nesta quarta-feira (07/07), às 19h, nas redes do MST.
Aline Oliveira da Silva, do Coletivo Nacional de Juventude do MST em Alagoas e uma das apresentadoras do programa, explica porque a edição desta quarta-feira será um Arraial da Resistência, com a celebração de São João, uma das principais festas populares do Brasil.
“Na festa junina a gente partilha a pluralidade cultural do Brasil, em particular a pluralidade camponesa. É nesse momento que as nossas tradições culturais, que formam e tecem a cultura popular brasileira, em particular a nordestina, celebramos a colheita das primeira sementes que a gente lançou na terra. Por isso, um arraial da resistência, da cultura popular, mas também da cultura camponesa, do qual a gente aprendeu a guardar a semente, arou a terra e nela semeou a resistência do nosso povo Sem Terra”.
Segundo Aline, além da partilha e resistência, a festa junina também é um momento de celebração coletiva da fartura e da alegria. “A festa junina é a história da festa de um povo, de várias culturas, partilhas, de sabedorias, que vem desde o cuidar da terra, da semente, mas também do alegrar e da festa – com triângulo, zabumba, pandeiro, sanfoneiro, roda de coco, mas também com Xaxado. Por isso, que ela se faz no campo e se expande pra cidade, porque é uma festa de raiz, vem da história de um povo.”
O milho é um alimento fundamental para agricultura familiar e camponesa no Brasil e um dos principais ingredientes na alimentação dos povos do Nordeste. Por ser um dos alimentos que apresenta a maior diversidade na culinária, servindo de base para uma infinidade de receitas e preparos. “Com ele você pode fazer a pamonha, a canjica, o mugunzá doce e/ou salgado, milho assado, milho cozido, o cuscuz, o bolo de milho…”, relata a integrante do setor de Produção do MST no estado e Técnica da Cooperativa Central das Áreas de Reforma Agrária do Ceará (CCA), Aspásia Mariana, que também será umas das apresentadoras do programa desta semana.
Aspácia complementa que o Arraial da Resistência do Comida de Verdade dessa semana também traz presente a colheita e o gosto do milho. “Nosso objetivo é, além de celebrar esse momento tão querido e esperado para o povo do Nordeste e do Brasil, que dança e canta conosco, também afirmar a importância do cultivo do milho, com o fortalecimento da coletividade, das condições e das relações do agricultor com a terra conquistada.”
O programa apresenta a experiência da produção de milho do MST no estado do Ceará, diretamente do cultivo no assentamento Monte Alegre, município de Tamboril/CE – desde a colheita até a preparação das receitas. “Fomos no roçado de milho no assentamento em Monte Alegre acompanhar o Gilvando dos Santos no roçado, colhendo milho e falando sobre algumas das tradições do agricultor, como o modo de levar a colheita para a mesa de sua casa”, relata Aspásia.
Serão apresentadas duas receitas deliciosas, típicas das festas de São João – o munguzá e Aluá, preparadas pelo cozinheiro, Antônio Leandro em Madalena, Ceará. O mungunzá é um delícioso doce feito com grãos de milho-branco ou amarelo, cozidos em um caldo com leite de coco ou de vaca, açúcar, canela em pó ou casca e cravo-da-índia e o Aluá é uma bebida típica do sertão, feita com pão dormido e água, fermentados por sete dias. Ficou com água na boca? Acompanhe as receitas no programa desta quarta-feira.
O programa também traz presente aspectos da resistência dos movimentos populares do campo e das trabalhadoras e trabalhadores do MST do Nordeste, sobre os prejuízos do milho transgênico para a saúde e faz um alerta sobre a ameaça à cultura camponesa e popular, como as festas de São João.
“Além do prejuízo na saúde de quem se alimenta com o milho transgênico, o transgênico não tem relação com a cultura da comunidade, com a importância de acender uma fogueira no assentamento e promover esse encontro com as comunidades vizinhas, com a alegria da colheita. Colher o milho é um momento de partilhar sonhos, de partilhar o alimento. A Reforma Agrária não é só a conquista da terra, mas todas as condições necessárias para o ser humano viver nela. A festa do milho celebra esse momento do encontro, e por isso é um momento tão importante no Ceará e no Brasil”, pontua Aspásia.
A liberação para a importação e plantio de milho transgênico no Brasil foi concedida em 2016, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que desprezou vários alertas e denúncias sobre os sérios riscos à saúde e ao meio ambiente, feita pelos movimentos sociais brasileiros, entidades de saúde, ambientalistas, entre outros. Desde a sua liberação, além dos prejuízos à saúde, meio ambiente e a cultura, também tem gerado perdas econômicos aos agricultores/as familiares e camponeses, devido aos altos custos e o monocultivo, além da contaminação das sementes crioulas, como argumenta a técnica Aspásia.
“Existe todo um momento de confraternização na colheita e depois na celebração dos pratos, que com o milho transgênico o agronegócio passa por cima, atravessando e cometendo inúmeros crimes ambientais, sociais e econômicos, nas famílias que também comercializam aquele produto sazonal para a sua sobrevivência econômica.”
Serviço
Programa Comida de Verdade Arraial da Resistência!
Quando? É nesta quarta-feira (07/07), às 19h00
Onde? Nas redes sociais do MST e outros parceiros.
Confira os programas anteriores AQUI!