Solidariedade
Movimentos populares realizam ação de solidariedade com famílias que catam alimentos no lixo, em Fortaleza
Por Aline Oliveira
Da Página do MST
Na manhã desta quarta-feira, (20/10), movimentos populares doam cestas básicas para famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social, em Fortaleza, Ceará. A ação de solidariedade acontece após um vídeo que viralizou nas redes sociais no ultimo domingo, 17/10, que mostra famílias catando alimentos no caminhão do lixo em um bairro nobre da capital cearense.
A doação de alimentos é realizada a partir de uma parceria entre o MST, o Movimento dos Trabalhadores Por Direitos (MTD), Consulta Popular (CP), Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB) e o Levante Popular da Juventude (LPJ). Parte dos alimentos contidos na cesta vieram de assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária do MST, como arroz, feijão, abobora, farinha, coco, rapadura de caju entre outros itens.
Para Gene Santos, da Direção Nacional do MST no Caerá, é perceptível o aumento da miséria e da fome no Brasil e também no Ceará.
“Nós não podemos encarar isso com naturalidade, é com muita indignação que nós vimos as imagens em que homens e mulheres recolhem comida do lixo para se alimentar. Então, diante dessa situação estamos mais vez realizando uma ação de solidariedade, mas principalmente uma ação de denúncia para demonstrar que este é um problema grave que precisa ser encarado com políticas publicas para resolver a situação da fome. E também acreditamos que para resolver a situação da fome se faz necessário ter uma política de Reforma Agrária de verdade, que distribua terras, acesso à água, uma política de emprego e renda e de habitação para que o povo possa viver com dignidade”, afirma.
Já Maria de Lourdes, moradora do bairro Vicente Pizon, uma das mulheres que aparecem no vídeo catando alimentos no carro do lixo, relata que essa é uma situação corriqueira das famílias que passam fome no local.
“Aqui, nós não temos como garantir nosso alimento, então a alternativa é vir esperar o carro do lixo passar, catar os alimentos que são descartados pelos supermercados, é isso, ou não ter nada pra comer. A gente passa a manhã toda esperando no sol e, às vezes, nem água pra beber, queremos trabalho, a falta de alimento, a fome bate na nossa porta todos os dias, então agradeço muito a vocês pela ajuda”, relata a moradora.
Joyce Ramos, dirigente da Consulta Popular relata, que estamos vivenciando uma das conjunturas mais difíceis da nossa história, em que a situação do povo pobre do Brasil, e no estado está piorando cada vez mais. “A carestia, a fome é um projeto de morte desse governo, pensando nisso os movimentos, as organizações populares vêm se solidarizando com as famílias mais pobres afim de que a gente possa amenizar a situação dessas famílias e pensar alternativas para estas saírem da miséria.”
Ramos destaca ainda que, a partir do vídeo que viralizou nas redes sociais de famílias catando lixo para se alimentar, os movimentos populares do estado resolveram organizar uma ação de solidariedade com doação de cestas básicas para matar a fome dessas famílias e denunciar o aumento da miséria provocado pelas políticas do atual governo.
“Será um momento de solidariedade, mas também de denúncia, hoje Bolsonaro está no Ceará para anunciar o lançamento do edital para construção do ramal Salgado, último trecho da transposição do Rio São Francisco. Ou seja, mais um trecho do perímetro irrigado, sendo que sabemos que essa irrigação é para atender ao agronegócio, a grande exportação e não para os trabalhadores/as que garantem o alimento na mesa da população brasileira. Denunciamos esse projeto de morte, que Bolsonaro vem encabeçando, denunciamos essa política genocida e que não atende à população mais carente, não atende aos anseios da classe trabalhadora”, pontua ela.
Segundo dados do Ministério da Cidadania, no Ceará, cerca de 1 milhão de pessoas vivem na extrema pobreza. No Brasil quase 20 milhões passam fome, conforme dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), de 2020.
*Editado por Solange Engelmann