Compromisso de Luta!

Polêmica no Twitter levanta debate sobre importância de usar os símbolos do MST

Publicação na rede social questiona se é legítimo pessoas que não integram o Movimento usarem bonés e outros símbolos de luta
Kelli Mafort, da direção nacional do MST comenta sobre polêmica no Twitter sobre o uso dos símbolos do MST. Foto: Bárbara Vida

Por Lays Furtado
Da Página do MST

Frequentemente esse debate vem à tona, que trata sobre a legitimidade de pessoas que não integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) usarem bonés, camisetas, bandeiras ou outros símbolos de luta do Movimento.

Dessa vez a polêmica surgiu no Twitter e viralizou nas redes sociais. Para falar sobre esse tema, convidamos Kelli Mafort, da direção nacional do MST, que nos conta um pouco sobre o porquê o Movimento incentiva que as pessoas, sendo militantes ou não, se apropriem dos símbolos de luta do Movimento.

“Nós sabemos que 85% da população brasileira vive na zona urbana e apenas 15% no campo. Então é fundamental que a questão agrária e a questão da Reforma Agrária sejam debatidas e incorporadas pelas pessoas que vivem nas cidades. Porque quem vive na cidade, vive o impacto do que é feito no campo”, conta Kelli.

Ela contextualiza sobre o surgimento desse debate dentro do Movimento, que aconteceu a partir de 1995, após o 3º Congresso Nacional do MST. “Ali nós avançamos na consciência de que a luta pela terra nós fazemos no campo através das ocupações de terra. Mas que precisávamos ganhar essa luta politicamente também nas cidades”, comenta a dirigente.

Após este Congresso, em 95 o MST passou a adotar o lema: “Reforma Agrária, uma luta de todos”, ampliando a relação entre campo e cidade, e buscando envolvendo trabalhadoras e trabalhadores urbanos e rurais na pauta da Reforma Agrária, para enfrentar as mazelas da questão agrária e da questão urbana juntas.

“Sabemos também que muitas pessoas zelosas levantam a sua voz para poder dizer: ‘não é legítimo que pessoas que não sejam do MST usem um boné do MST’. Nós agradecemos essa preocupação, mas dizemos que é preciso ampliar a nossa visão, e é preciso saber que a luta pela Reforma Agrária depende do engajamento de toda a sociedade”, menciona Mafort.

A partir desse contexto atual, mais do que nunca, com o avanço da pressão do capital sobre os territórios camponeses, Sem Terra, quilombolas e indígenas, é fundamental para os movimentos populares conta com o apoio popular em propagar na sociedade, que a Reforma Agrária é uma luta de todas e todos.

“Nós nos orgulhamos quando vemos pessoas que não são do MST utilizando os nossos símbolos, nossos bonés, camisetas e bandeira. Sabemos que utilizar esses símbolos é assumir um compromisso na sociedade e dizer ocupa tudo, é dizer pedagogicamente que as conquistas só são arrancadas através da luta e da organização”, relembra Kelli.

Em um entendimento amplo do Movimento, ocupar o latifúndio da terra, do saber, da moradia, do conhecimento, das artes e da poesia também faz parte da mística de construir os sentidos da luta do MST. 

“Então, podem usar sim os nossos bonés, camisetas, adquirir esses produtos inclusive no Armazém do Campo. Mas atenção! É muito importante que a gente utilize mas que tenhamos compromisso com a luta popular. É preciso ter compromisso com a transformação do nosso país”, conclui a dirigente, incentivando o uso dos símbolos do MST, tal qual do compromisso de travarmos as lutas no campo e na cidade para transformar a vida.

*Editado por Solange Engelmann