Memória

Ato marca 60 anos da morte de João Pedro Teixeira, principal líder das ligas camponesas

São 60 anos que camponeses e camponesas morrem no campo brasileiro, na luta pela terra e por Reforma Agrária
Uma das raras fotos em família: Elizabeth, João e os 11 filhos do casal. Foto: Arquivo Memorial das Ligas Camponesas – PB

Por Assessoria Memórial das Ligas e Lutas Camponesas
Para Página do MST

Neste sábado, 02 de abril, em Sapé, acontece um Ato Público em memória ao assassinato de João Pedro Teixeira, líder-fundador da primeira liga camponesa na Paraíba e dos mártires da luta pela terra no Brasil.

O ato será a partir das 14h, saindo em caminhada da comunidade tradicional de Barra de Antas, até o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, culminando em apresentações culturais de artistas populares e a participação de movimentos sociais, como MST, CPT, FETAG, e também de parlamentares e partidos que defendem a causa.

O evento é promovido pelo Memorial das Ligas e Lutas Camponesas e com o apoio de movimentos sociais, entidades e sindicatos.

Material de divulgação MLLC

João Pedro atuou como camponês e defensor do trabalho rural. Seu afinco em prol dos trabalhadores/as rurais fizeram dele um herói da pátria, principalmente no Nordeste, onde costumava intervir. Após sua morte, sua esposa Elizabeth Teixeira encabeçou a sua luta e não se curvou às ameaças dos latifundiários e deu continuidade à luta por trabalho digno, Reforma Agrária e justiça no campo.

Em 2002, iniciou-se uma caminhada dos camponeses da cidade de Sapé até a região de Café do Vento, em Barra de Antas, relembrando a memória do trajeto que João Pedro realizou quando foi assassinado.

Elizabeth Teixeira seguiu na luta pela terra e não se curvou às ameaças dos latifundiários. Foto: MST

Neste ano, os camponeses/as e agricultores/as da região agregaram as suas lutas, a comunidade tradicional de Barra de Antas, reconhecida desde 2017 pelo Ministério Público Federal (MPF), realizando Ato em memória à luta de João Pedro e contra a instalação de Barragem que o Governo do Estado planeja construir na região, deslocando centenas de famílias da área.

Para Alane Lima, presidenta do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, “neste ano em que completamos 60 anos da morte de João Pedro Teixeira, é uma data muito emblemática, porque faz 60 anos que não acontece Reforma Agrária no nosso país.” E se acolhendo aos pensamentos de Elizabeth, a presidenta questiona: como a gente pode ficar bem se ainda existem muitos camponeses/as, muitas famílias que estão no campo, que não tem onde plantar? Então, esse é um ano de denúncia, mas também de anúncio da continuidade e unidade dos povos do campo.”

“Esse é um ano que precisamos nos unir para lutar contra quem nos oprime, lutar contra o agronegócio e contra as oligarquias fundiárias, que ainda se mantem no campo e no poder e oprimem o povo camponês”, frisou Alane.

Apesar da morte de João Pedro Teixeira ter ocorrido há 60 anos, a casa onde ele viveu e sua família, foi tombada em 2012, no governo de Ricardo Coutinho.

Segundo o ex-governador da Paraíba, o imóvel possui um grande significado cultural, já que pertencia a um dos maiores líderes da Revolução Camponesa do estado e no país.

*Editado por Solange Engelmann