Comitês Populares
MST visita casa de Chico Mendes no Acre
Por Solange Engelmann*
Da Página do MST
Nesta quarta-feira (20/4), uma comissão de militantes do MST visitou a casa onde Chico Mendes viveu em Xapori, no estado do Acre, e se reuniu com grupos de seringueiros, ligados ao Conselho Nacional de Seringueiros do estado. Os Sem Terra também visitaram a Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapiru (Amoprex).
A visita foi uma forma de prestar homenagem à memória e luta de Chico Mendes na Amazônia e faz parte das articulações dos Comitês Populares de Luta pelo Brasil, que percorrem o país estimulando a organização popular dos trabalhadores e das trabalhadoras em várias frentes na construção da candidatura de Lula.
“Foi uma oportunidade de articulação com os seringueiros de Xapori e da região, pela referência histórica de luta do Chico Mendes. Buscamos ‘beber da fonte’ e entender melhor como foi a luta dos seringueiros da Amazônia e também prestar nossa homenagem à memória de Chico Mendes”, explica Joba Alves, da coordenação nacional do MST.
Os Comitês Populares são espaços de encontro e debate, voltados à implementação de um projeto popular para o país e, buscando ao mesmo tempo a elevação do nível de consciência do povo brasileiro para ampliar a luta por direitos em um período de eleições.
A casa Chico Mendes foi a moradia do líder seringueiro, Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes. O local onde Chico Mendes viveu e foi assassinado, em dia 22 de dezembro de 1988, a tiros em uma emboscada nos fundos da casa por jagunços a mando de Darly Alves, grileiro de terras.
A casa está localizada no centro da cidade de Xapuri, no Acre. E se tornou um museu, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2007, conservando móveis e objetos originais de Chico Mendes. Porém, devido à falta de recursos do governo federal por meio do IPHAN, o local se encontra fechado para visitação interna no momento.
Quem foi Chico Mendes
Chico Mendes nasceu no Seringal Porto Rico, no município de Xapuri, em 15 de dezembro de 1944, e foi filho de pais nordestinos que migraram para a Amazônia. Desde criança trabalhou como seringueiro extraindo o látex.
A vida no seringal moldou no jovem seringueiro um sentimento de revolta contra a injustiça. A extração da borracha naquela época na Amazônia era uma atividade econômica que mantinha relações de exploração com os trabalhadores do seringal, em grande maioria analfabetos.
Diferentemente dos outros seringueiros, com 16 anos Chico aprendeu a ler, escrever com Euclides Fernandes Távora, um refugiado político que morava próximo. O que teve grande influência na sua vida.
Em 1975 fez parte da diretoria do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia, o primeiro criado no Acre, presidido pelo combativo líder Wilson Pinheiro.
Em 1983, Chico Mendes foi eleito presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Xapuri e intensificou a luta pelos direitos dos seringueiros, pela defesa da floresta e a luta política contra a ditadura e pelos direitos dos trabalhadores. Em 1985, ele liderou a organização do primeiro Encontro Nacional dos Seringueiros. Mais de 100 seringueiros criaram o Conselho Nacional dos Seringueiros como entidade representativa, que elaborou uma proposta original de Reforma Agrária: as Reservas Extrativistas.
Entre 1987 e 1988, Chico Mendes ganhou o Global 500, prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU), na Inglaterra, e a Medalha de Meio Ambiente da Better World Society, nos Estados Unidos. Conquistou projeção na imprensa internacional, tornou a problemática dos seringais na Floresta Amazônica de conhecimento mundial e difundiu suas ideias pelo planeta.
Chico Mendes foi um sindicalista e líder político, que lutou pela defesa dos direitos humanos e o respeito à floresta, chamando atenção do mundo para a importância da preservação da floresta Amazônica e obtendo projeção internacional.
*Com informações do Memorial Chico Mendes
**Editado por Wesley Lima