Agroecologia

Festival em MG evidencia Programas Populares de recuperação e preservação ambiental

Rio vivo é gente viva: Festival da Reforma Agrária traz resultados de programas populares de Agroecologia nas Bacias do Rios Doce e Paraopeba
Foto: Acervo MST em MG

Por Kênia Marcília e Débora Nunes

É impossível pensar em Reforma Agrária sem considerar a importância de restauração e preservação ambiental e pensar “terra e gente” como uma unicidade.

E pautado no lema “Cultivando Terra” aliado a “Trabalho e Democracia” o MST Nacional trouxe para Feira Estadual de Arte e Cultura e Feira da Reforma Agrária e Agricultura Familiar em Minas Gerais a “Tenda de produtos Agroecológicos”, destacando os Programas de Agroecologia nas Bacias do Rios Doce e Paraopeba. 

Os Programas surgem como denúncia e repúdio ao crime da Vale e pela necessidade de restauração e recuperação das Bacias do Rios Doce e Paraopeba, atingidas pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, e da Barragem de rejeitos da Mina do Córrego do feijão, em Brumadinho.

Considerados dois dos maiores crimes ambientais da história do país, os rompimentos ceifaram as vidas de centenas de pessoas e sentenciaram os territórios a consequências ambientais, econômicas e sociais sem precedentes, atingindo principalmente a população ribeirinha e produtores rurais, como os assentados e acampados nos assentamentos do MST.

Torna-se então urgente a necessidade de mudança das atividades de mineração nas regiões, tendo nos programas, ações que possibilitam a preservação e recuperação dos recursos naturais que estão sob o domínio das famílias e a produção de alimentos saudáveis para a garantia da soberania alimentar e fortalecimento de alimentos para as cidades

Para Victor Silvério, do Setor de Produção do MST, “o Movimento Sem Terra se coloca como protagonista das ações de reparação em seus territórios, levantando um programa popular agroecológico de reparação das bacias”.

Na região da Bacia do Paraopeba, o programa é pensando e desenvolvido em 4 eixos: Produção Agroecológica; Questão Ambiental; Educação e Direitos Humanos. Já são 1075 famílias e núcleos de base visitados, 235 horas de capacitação, 37 projetos de produção e 3 hectares de agroflorestas implementadas.

Foto: Acervo MST em MG

Na região do Vale do Rio Doce, o programa é desenvolvido em 4 eixos: Restauração Ambiental, Assistência Técnica, Educação em Agroecologia e Produção e Processamento de Frutas tendo números expressivos como o atendimento a 547 famílias, numa estimativa de 1200 pessoas, 800 hectares de restauração ambiental, 1180 educandos em cursos de formação de formadores e base técnico em agropecuária/agroecologia e a implantação de 1 agroindústria. 

Agnaldo Batista, coordenador do Programa Agroecológico da Bacia do Rio Doce, reforça que uma das pretensões dessa ação “é criar uma consciência ambiental, social e econômica em torno da cultura e toda vivência ao longo da Bacia do Rio Doce”.

No Festival, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer mais das ações de restauração e preservação ambiental desenvolvidos pelo MST nas regiões e também a promoção de troca de saberes. 

A tenda foi principalmente um espaço de reforço a consciência agroecológica somando forças na luta pela recuperação de dois importantes rios. Rio vivo é gente viva!

*Editado por Fernanda Alcântara