Internacionalismo
Equador: As armas do Estado não podem ser os carrascos de seu povo
Da Via Campesina
A Via Campesina expressa sua mais nobre solidariedade com o povo equatoriano, que, neste momento, resiste contra a repressão, a perseguição e luta contra as políticas neoliberais que têm arrastado o país inteiro para uma profunda crise econômica e de violação aos direitos humanos. As mobilizações fazem parte de uma Greve Nacional, que começou no dia 13 de junho e que foi convocada por uma ampla plataforma de movimentos sociais, no qual o setor indígena e camponês tem especial liderança.
Como movimento internacional que aglutina milhões de campesinxs em todo mundo e que integra cinco organizações nacionais, camponesas e indígenas do Equador, a Via Campesina apoia as demandas da Greve e pede ao governo equatoriano uma imediata resposta aos 10 pontos de luta que as organizações mobilizadas exigem. A lista de exigências são as seguintes:
- Reduzir o preço dos combustíveis;
- Fixar uma moratória de um ano no sistema financeiro para que as famílias paguem suas dívidas; perdão das dívidas de até 10 mil dólares em bancos públicos;
- Garantia de emprego e dos direitos trabalhistas;
- Que se pratique preços justos com os produtos agrícolas;
- Fim da mineração em territórios indígenas;
- Respeitar os direito coletivos;
- Não privatizar serviços estratégicos;
- Desenvolver políticas para controlar a especulação de preços;
- Destinar maiores investimentos para saúde e educação
- Adotar medidas para melhorar a segurança pública.
Consideramos como justas estas exigências, em um momento em que, segundo dados oficiais, 5 em cada 10 equatorianxs que vivem no campo encontram-se em situação de pobreza e 3 em cada 10 estão em situação de extrema pobreza. Agricultorxs, povos e nações originárias e populações rurais do país atravessam uma dura realidade – aqueles que, diretamente, se encontram vulneráveis diante das políticas de livre mercado que o Estado aplicou sob influência do Fundo Monetário Internacional e outros organismos internacionais.
Demandamos, urgentemente, que cesse o uso da força e a repressão que já deixou três pessoas assassinadas, dezenas de feridas e outras desaparecidas. Convocamos as organizações internacionais de direitos humanos a seguir denunciando e visibilizando estes abusos para que não fiquem impunes.
Fazemos também um chamado à comunidade internacional para expressar sua solidariedade e para dar visibilidade às ações da Greve Nacional.
Expressamos nosso inteiro respaldo aos povos e nações indígenas e afrodescendentes que, neste momento, nos dão lições de dignidade e resistência frente a males que afeta estruturalmente o campesinato do mundo.
Globalizemos a luta, globalizemos a esperança!