Internacionalismo

“Levante por uma nova independência!” leva haitianos às ruas

Ações aconteceram no ensejo da Marcha Vermelha
Foto: Ricardo Cabano

Por Brigada Internacionalista Dessalines 
Da Página do MST

Organizações sociais da esquerda, artistas e personalidades das mais diversas frentes da sociedade haitiana realizaram no dia 22 de agosto o “Levante por uma outra Independência” com a “Marcha Vermelha”, que ocupou as ruas de Porto Príncipe. A data simboliza o dia da primeira revolta do povo haitiano contra os colonizadores franceses.

O “Levante por uma outra Independência” é uma iniciativa que busca ser uma opção para a população frente as dificuldades políticas enfrentadas pelo o povo haitiano e une organizações da esquerda à artistas engajados para denunciar o estado de insegurança permanente no Haiti. Esta ação mobiliza a população a partir do contexto histórico de luta e resistência, símbolos da revolução, cantos vodu, a luta presente contra o domínio estrangeiro, contra o modo neocolonial em que países como o Estados Unidos submetem o Haiti, são algumas das bandeiras de lutas apresentadas.

A “Marcha Vermelha” é a ferramenta de denúncia utilizada nesta data de 22 de agosto e teve início em frente à embaixada francesa, que fica na região conhecida por ter vários pontos históricos que celebram a Revolução Haitiana. A Marcha iniciou com uma cerimônia voltada para celebrar “Boukman” um dos líderes da revolta ocorrida em 1791. 

A Marcha mobilizou milhares de pessoas, com cantos, batuques e fogo. Por onde passava, mais pessoas se inseriram na caminhada, uma demonstração da grande insatisfação vivenciada pela população. Insatisfação com o aumento da intervenção gerida pelo Core Grupo e pela BINUH, tirando a autonomia política e econômica do país, e insatisfação com a inflação, já próxima dos 30%, situação que aumenta a fome de grande parte da população. Contra a vida cara e contra a fome, foram frases ditas por toda a manifestação.

Todo o percurso da “Marcha Vermelha”, foi acompanhado pela polícia, em uma aparente tranquilidade, mas, quando a marcha chegou na avenida Delmas, principal avenida da capital Porto Príncipe, o conflito foi iniciado. Bombas de gás por parte da polícia e pedras por parte da manifestação, sendo este conflito administrado friamente pela polícia, que em determinado momento ajustava a manifestação no território para depois atirar as bombas. Além da polícia oficial, durante o conflito, surgiram civis com coletes militares e armas, intimidando e atirando na manifestação. O resultado deste conflito ocasionou a morte de Nelson Vincent, membro da organização “Revolta Escrava”.

A situação denunciada pela “Marcha Vermelha” é real e permanente, são anos de ingerência, e com o governo ilegítimo comandado pelo PHTK (partido haitiano dos cabeças raspadas) que já ocupa o cargo a 11 anos, e que não realizou as eleições no ano de 2020. O atual presidente, Ariel Henri, assumiu o cargo ilegitimamente após o assassinato de Jovenel Moïse, em julho de 2021. 

O “Levante por uma outra Independência” compreende o momento como o momento para o povo se mobilizar, assumir o protagonismo das lutas à serem travadas. Após 231 anos da primeira revolta iniciada por Boukman, a raíz de consciência da luta por liberdade permanece no fogo e nos cantos das ruas haitianas.

Confira:

Fotos: Ricardo Cabano

*Editado por Fernanda Alcântara