Formação

MST realiza 22º Encontro Estadual de educadoras e educadores na Bahia

Durante três dias na capital baiana, serão realizados debates sobre a Educação do Campo e seus desafios
Encontro reúne educadores das escolas do campo de todo estado da Bahia. Imagem: Isy e Elis. Coletivo de Comunicação do MST-BA 

Por Cadu Souza
Da Página do MST

Teve início nessa quinta-feira (25), ao 22º Encontro Estadual de Educadoras e Educadores, organizado pelo setor de educação do MST, que reúnem durante três dias educadores das escolas do campo de todo estado da Bahia, para formação, debates e organização.

A atividade acontece no Centro de Treinamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural (CTN/SDR), em Salvador. O Encontro tem como tema: “Educação do Campo, 35 anos de práxis educativas no MST na Bahia”.

Nesses dois últimos anos, devido a pandemia, não foi possível realizar presencialmente o encontro estadual de educação, espaço esse de construção coletiva, reflexão e organização sobre o que tange a construção da educação do campo no estado.

Com cerca de 300 pessoas, entre educadores e educadoras do MST no estado, dirigentes do movimento e também parceiros, o evento vai até o próximo sábado (27). E na abertura contou com a presença de Evanildo Costas e Lucineia Durães, ambos da Direção Nacional do MST-BA; a coordenadora da Educação do Campo e da Escola Quilombola, Poliana Reis; coordenadora do CAECDT/UNEB, Joseane Batista; a diretora de Educação e Suas Modalidades, Iara Icó; a secretaria de Mulheres do PT e do setor de Genêro do MST, Jazi Mota; o vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Penildon Silva Fiho; presidente da Central de Associações das Comunidades Tradicionais, da Agricultura Familiar e Campesina da Bahia (CECAF-BA), Eudes Quiroz; a secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, Lucinha Barbosa; a professora aposentada da UNEB, Stella Rodrigues dos Santos e representantes de outros movimentos.

“A educação pública precisa estar comprometida com as especificidades dos sujeitos nos seus diferentes espaços, em respeitos aos modos de vidas, nisso se deve olhar com cuidado a educação do campo e para os diferentes formatos que atendam os sujeitos do campo. Esse é um importante espaço de construção da educação do campo, para se fortalecer a partir das discussões que se fazem aqui e demarcar o espaço que se quer”, afirmou Iara Icó, em sua fala de saudação com referência às escolas do campo nas áreas de assentamentos e acampamentos. 

O vice-reitor da UFB, Penildon Silva Filho, falou sobre a importância da luta das classes populares em relação às cotas sociais para o acesso as universidades públicas, que contemplam estudantes de famílias que ganham até um salário-mínimo e meio. “Hoje a nossa universidade é diferente do que era há 20 anos, antes quem frequentava a universidade eram elites da classe media alta, branca, hoje a nossa universidade é majoritariamente de quem veio das escolas públicas, negros e negras. A universidade se democratizou nesse momento que mais se expandiu com as cotas, tivemos um aumento qualitativo. E isso, devemos aos movimentos sociais que lutaram por políticas sociais nas universidades”, disse.

Imagens: Isy e Elis. Coletivo de Comunicação do MST-BA 

Stella Rodrigues dos Santos, professora aposentada da Universidade, durante a sua fala se referiu ao lema do encontro, por trazer a práxis como dimensão que funda o movimento da educação do campo construída pelo MST. “A educação do MST é uma práxis organizado na direção da transformação social. Mas é  necessário enfatizar que atualmente são mais de 33 milhões de pessoas passando fome nesse país. Eu falo da fome porque de todos os direitos, o mais básico, que é o direito à vida, o de poder se alimentar. E nós que lutamos por reforma agraria, queremos comer o melhor, comida sem veneno”, afirmou.

No aspecto da conjuntura, Lucineia Durães da direção nacional do MST-BA se referiu à crise econômica, politica e social no último período e acrescentou a crise da saúde, que veio com a pandemia, além de lembrar da crise ambiental e o papel da educação na formação de novos sujeitos na elevação da consciência. “Temos o desafio de formar sujeitos que se identifiquem com a coletividade, que tenham empatia com as pessoas em toda sua diversidade, que possam ser o que quiser, mas jamais deixar de ser Sem Terra”, conclui.

Durante os três dias serão discutidos temas ligados a atual conjuntura política e educacional; além da educação do campo, políticas públicas e classes multisseriadas; concepção e propostas pedagógicas das escolas do campo; agroecologia nas escolas do campo: caminhos e metodologias; plano nacional de plantio de árvores e produção de alimentos saudáveis; sujeitos LGBTIA+ nas escolas do campo; novo ensino médio: reforma ou contrareforma; e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) na educação do campo – concepções, práticas e desafios.

*Editado por Solange Engelmann