Formação

MST participa de Encontro Nacional contra os Desertos Verdes

Foi realizado entre sábado (17) e domingo (18), no assentamento Jacy Rocha do Movimento Sem Terra na Bahia o Encontro Nacional da Rede Alerta contra os Desertos Verdes
Atividade teve início com o mapeamento dos conflitos territoriais de cada região. Foto: Cadu Souza

Por Cadu Souza, do coletivo de comunicação do MST-BA
Da Página do MST

Teve início na manhã do último sábado (17), a edição do Encontro Nacional da Rede Alerta contra os Desertos Verdes, a atividade faz parte da retomada de organização da Rede Alerta, que voltam a se encontrar presencialmente depois de dois anos de pandemia.

Foram dois dias, sábado e domingo, com uma programação de debates, formação e troca de experiências entre os participantes, que contam com a presença de movimentos sociais, organizações, sindicatos e universidades de diversos estados do Brasil e alguns países da América Latina.

A atividade aconteceu na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB), localizada no assentamento Jacy Rocha, município do Prado, região do extremo sul da Bahia.

A Rede Alerta surge no final dos anos 90, a partir da luta contra a expansão das monoculturas de eucalipto, e volta a se reorganizar reunindo experiências de resistência dos povos do Maranhão, Espírito Santo, Bahia, Rio Grande do Sul e norte de Minas Gerais nesse encontro. Em todas essas regiões várias monoculturas de eucalipto têm devastado os territórios, a vida dos povos tradicionais e impossibilitado a Reforma Agrária.

Fotos: Cadu Souza

De acordo com Marcelo Calazans, membro da Rede Alerta contra o Deserto Verde, a atividade é um importante momento de retomada da organização de denúncias contra a expansão dos monocultivos de eucalipto e otimismo com o cenário de reeleição do presidente Lula.

“Estamos nos organizando para levar uma proposta para o novo governo de Lula, uma proposta de barrar a expansão e reparar os crimes sociais e ambientais dessas grandes monoculturas de árvores. É fundamental barrar a multinacional Suzano, é fundamental titular os territórios quilombolas, fazer a reforma agrária, titular os territórios indígenas, porque com isso que garantiremos uma sustentabilidade de fato e real para população brasileira”, afirma Calazans.

“Saímos daqui com uma carta-compromisso direcionada às candidaturas do campo da esquerda, para que o novo governo se comprometa com a titulação do território quilombola e indígena, com a reforma agrária, porque é através disso que vamos deter a expansão do capitalismo e do agronegócio no campo aqui no país”, completa, o membro da Rede Alerta.

A atividade teve início com o mapeamento dos conflitos territoriais e apresentação dos movimentos de cada região, em que foram relatadas as formas de organização e resistência de cada território.

“É muito importante aprender com as resistências nos territórios, como com a luta dos Pataxós, a lutas dos Quilombolas, a luta dos Sem Terra. Temos que aprender com essas lutas, porque são lutas vitoriosas que têm resistido bravamente a expansão dessas corporações e monoculturas de árvores. A partir desse encontro, esperamos que a luta se expanda e aprenda com a luta baiana, com a luta capixaba, com a luta maranhense, para que consigamos construir uma articulação nacional”, finaliza Calazans.

Participaram do encontro representantes da Rede Alerta do Brasil, Uruguai e Argentina, Fase ES, MST, Movimento Mundial pela floresta tropical (WRM), Comunidade Quilombola de Rosa d’Agua, de Conceição da Barra/ES, Movimento de Luta pela Terra (MLT), Comunidade Quilombola de Guiza – ES, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), Indígenas dos Povos Pataxó, Amigos da Terra Brasil (ATBR), Grupo de pesquisa em Tecnologia da UFRG, Universidade Federal Fluminense (UFF), Central Única dos Trabalhadores, Movimento Interestadual de Quebradeira de Coco, Imperatriz/MA, Comunidade Quilombola de São Cristóvão, São Mateus/ES, Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD); Unicamp e Uniaras; Grupo de Advogados Quilombolas, Quilombo de Volta Miúda, Caravelas/BA, Comunidade Quilombola Rio do Sul, Nova Viçosa/BA, Comunidade Quilombola de Helvécia, Nova Viçosa/BA, Comunidade Quilombola São Domingos, Conceição da Barra/ES, Universidade Estadual da Bahia (UNEB).

*Editado por Solange Engelmann