Internacionalismo
Durante intercâmbio, MST participa de Encontro com o Partido Comunista Francês (PCF) de Vénissieux
Da Página do MST
Nos últimos dias 11 e 12 de novembro, o MST participou do Encontro Internacional do Partido Comunista Francês (PCF) de Vénissieux, que é uma cidade localizada na região metropolitana de Lyon, na França, onde reuniu representantes políticos de diversos países, com o objetivo de debater os desafios e perspectivas das lutas populares diante do avanço da extrema-direita no mundo.
Representantes políticos de países como Itália, Chile, França, Palestina, China, Congo, Mali e Cuba estiveram presentes no Encontro. Pelo Brasil, o MST contou com a participação de Jeisse Carvalho, do Coletivo Nacional de Juventude do MST, e Wesley Lima, da direção nacional do Movimento e integrante do Coletivo Nacional de Comunicação e LGBT. Ambos participam de um intercâmbio no país, com duração de três meses.
A participação do MST apontou alguns elementos introdutórios sobre a conjuntura política brasileira e os desafios impostos aos movimentos e organizações populares após a vitória do Lula nas eleições deste ano. Com certeza o tema das eleições era uma questão importante para o debate junto ao PCF e todos os olhos estavam voltados às experiências de organização e luta política construída no Brasil durante o período de campanha eleitoral.
Sobre os aspectos mais gerais da conjuntura, Lima falou do pacote de retrocessos implementados pelo governo Bolsonaro em sua gestão, como a retirada de direitos, o congelamento dos gastos públicos em saúde e educação, por exemplo, a paralisação da reforma agrária, o aumento da fome, a ofensiva entreguista ao capital internacional contra os bens naturais.
“O governo Bolsonaro foi responsável pela implementação de uma política neoliberal e de extrema-direita em nosso país. Existem dois fatores que demarcam o avanço desse projeto. O primeiro é a política de privatização das empresas públicas, o corte no orçamento para garantia de direitos básicos e a militarização de órgãos públicos estratégicos. O segundo, é a entrega dos bens naturais ao capital internacional, representado pelo agronegócio.”
“É importante destacar neste último, que o Brasil vive uma séria crise ambiental provocada por grandes empresas do Capital. O crime da Vale em Brumadinho provocou impactos sociais e ambientais enormes. E a política de reparação é insuficiente. O aumento das queimadas e do desmatamento em biomas importante para o mundo, como a Amazônia, pantanal e cerrado, seguem a todo vapor”, explicou o dirigente do MST.
A crise ambiental vivida no Brasil é um tema acompanhado em vários países do mundo e os dados são alarmantes. Nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de florestas, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo, segundo os números do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Essa foi a maior área devastada dos últimos 15 anos para o período, sendo 3% superior à registrada no calendário passado, entre agosto de 2020 e julho de 2021. Ou seja, ocorre gradativamente um aumento anual.
“Esperançar” com Lula
“A candidatura do Lula representou para os movimentos e organizações populares uma possibilidade real de barrar os retrocessos e a política de morte implementada pelo bolsonarismo”, destacou Lima.
Três campos de atuação apareceram com força na fala do dirigente do MST: a construção de uma política de aliança necessária para garantir a derrubado do governo Bolsonaro; a construção de uma estratégia descentralizada de combate às fake news; e a participação dos movimentos e organizações populares na campanha do Lula, entre eles o MST.
“Os movimentos e organizações populares do campo e da cidade, enxergaram com centralidade a campanha do Lula e avançaram na construção de iniciativas junto ao povo brasileiro, com dois grandes objetivos: o primeiro, denunciar o pacote de morte implementado pelo bolsonarimo; e por fim, politizar o processo eleitoral, avançando no trabalho de base, para que as eleições possam acumular forças para um próximo período de mobilizações”, afirmou.
Outros três grandes desafios foram destacados durante o Encontro. O primeiro é a necessidade de retomar direitos e paralisar as políticas entreguistas do atual governo; segundo, articular um processo amplo que resgate a dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras, diminuindo os autos índices de fome que a classe trabalhadora sofre no Brasil; e por fim, seguir ocupando as ruas por mais direitos, como a reforma agrária, saúde, educação e etc.
MST na França
O Movimento Sem Terra começou no início do mês de novembro um intercâmbio com dois jovens Sem Terra na França. Com o objetivo de passar três meses nos países, visitando várias cidades, a ideia principal é que diversos espaços de trocas e socialização de experiências sejam construídos.
O estudo em torno da questão agrária francesa e o processo de organização da juventude camponesa fazem parte do cronograma de atividades. Mas essas questões já estão sendo apontadas de maneira prática, a partir das visitas aos camponeses do país e as distintas experiências de organização produtiva. O intercâmbio é uma iniciativa do Comitê de Amigos do MST no França, que visualiza como desafio a ampliação das articulações políticas no país e o fortalecimento do debate da Reforma Agrária Popular, a partir da solidariedade e do internacionalismo.
*Editado por Yuri Simeon