Prêmio
MST recebe a mais alta comenda do município do Rio de Janeiro
Por Solange Engelmann
Da Página do MST
Em homenagem ao processo de luta e resistência do Movimento Sem Terra no Rio de Janeiro pela Reforma Agrária e no combate à fome, nesta segunda-feira (5), o Movimento foi premiado com a mais alta comenda da cidade do Rio de Janeiro, a Medalha Pedro Ernesto. A honraria foi concedida pela Câmera de Vereadores do Rio e entregue pelo atual vereador e deputado federal eleito nas últimas eleições, Reimont Bárbara (PT).
A premiação aconteceu durante a abertura oficial da 14ª Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, que até quarta-feira (7) ocupa o Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro.
O prêmio foi recebido em nome do MST pela dirigente do MST no estado, do assentamento Roseli Nunes, em Piraí, Amanda Matheus e João Batista, do assentamento Zumbi dos Palmares, em São Francisco do Itabapoana (RJ).
Amanda agradeceu a entrega da Medalha, em nome no MST no RJ, e comentou sobre a importância do prêmio para o reconhecimento da luta do MST e o histórico de resistência da feira. “Receber a medalha Pedro Ernesto é bastante simbólico, porque a feira é o resultado da luta pela terra e da Reforma Agrária no estado do Rio de Janeiro. Ela expressa esse debate que a gente tem feito da Reforma Agrária Popular, da importância da produção de alimentos saudáveis, do enfrentamento e combate à fome, e também do diálogo campo e cidade.”
O dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile, enviou uma mensagem de agradecimento à homenagem da Câmara de Vereadores do RJ ao MST. “Considero que essa é uma homenagem histórica a todas as lutas camponesas que ao longo de nossa história no estado, e a todos os militantes da reforma agrária, da luta por alimentos saudáveis, da luta em defesa da natureza e da agroecologia, aos militantes do passado e do futuro.”
Reimont relembrou o papel histórico do MST na luta pela Reforma Agrária e pela segurança alimentar. “Nesse momento que a gente tá vivendo de retorno do presidente Lula ao governo Brasileiro, o MST já ocupa e continuará ocupando um espaço muito importante na questão da luta pela terra, na questão da segurança alimentar, na questão da distribuição de alimentos, do respeito àquilo que é direito de todos de alimentar com qualidade”, disse o deputado.
Com o lema: “Semeando um novo Brasil, por justiça social e soberania alimentar”, a abertura da Feira também contou com a presença da mãe da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, Marinete Franco, a deputada estadual eleita pelo MST no estado e representante do Movimento na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Marina dos Santos, a atriz Cristina Pereira; Mateus dos Santos, filho do militante do MST Cícero Guedes, assassinado em 2013; Além das vereadoras Luciana Boiteux (Psol), Mônica Cunha (Psol), o professor da UERJ/São Gonçalo, Paulo Alentejano; Generosa de Oliveira Silva da Articulação de Agroecologia do RJ (Aarj), entre outros convidados.
Marina também agradeceu à comenda de reconhecimento ao MST e resgatou a memória de Cícero Guedes, militante histórico e incentivador da agroecologia.
“Essa 14ª feira estadual, que nós fazemos no Largo da Carioca, acontece há mais de 20 anos e o Cícero foi a pessoa que concebeu a realização da feira da Reforma Agrária, no dia 10 de dezembro, dia internacional dos Direitos Humanos. O Cícero propunha: nós precisamos levar pra cidade, levar pras comunidades, pras periferias, a comida que nós produzimos.”
A deputada relembrou ainda porque a feira recebeu o nome do Cícero Guedes. “A feira estadual homenageia o Cícero porque por ser lutador pela terra, ser um dos primeiros a implementar o debate da agroecologia lá no Brava Gente [sítio do assentado, no assentamento Zumbi dos Palmares, em Campos dos Goytacazes), para além de socializar os conhecimentos que tinha, apesar de não saber ler e escrever”.
Feira da Reforma Agrária
Abacaxi, banana, aipim, abóbora, jaca, cenoura, mamão, manga, limão, mel, farinhas, pães e bolos, licor, cerveja artesanal, sucos, tapioca, chocolate, verduras em geral, plantas medicinais, fitoterápicos, camisetas, bonés, livros, artesanatos; esses e mais uma infinidade de outros produtos agroecológicos e saudáveis a população carioca encontra na Feira Cícero Guedes.
São mais de 40 bancas, que oferecem produtos in natura e agro industrializados produzidos nos assentamentos e acampamentos do MST de várias regiões do estado, em Minas Gerais e Raízes do Campo. No espaço também acontecem realizadas rodas de conversas, atividades culturais e trocas de experiências.
A feira também conta com produtos de famílias dos Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Sem Teto (MTST), Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU), Articulação de Agroecologia do RJ (Aarj), Feira da Roça da Nova Iguaçu, Campanha de apoio à Palestina, Cooperativa Jataí, Armazém do Campo RJ e Coletivo indígena Sementes da Terra.
A Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes é a principal atividade de comercialização do MST no estado, junto à população carioca e já faz parte do calendário oficial da cidade do Rio, sendo reconhecida como patrimônio sócio-cultural e imaterial do Rio de Janeiro pela Lei 5.999/2016.
Programação
6/12 – Terça-feira
8h – Abertura da Feira
10h – Oficina de Alimentação Saudável, com Regina Tchelly, da Favela Orgânica;
13h – Apresentação cultural: As Cantadeiras
14h – Roda de Conversa: Agroecologia na Boca do Povo, CBA/2023.
18h – Atividade cultural: Samba do Armazém
7/12 – Quarta-feira
8h – Abertura da Feira
10h – Troca de experiências agroecológicas. Projeto de agroecologia Cooperar/Maricá, MST e RedeCau.
14h – Atividade cultural: Jequitibá do Samba
16h – Encerramento da Feira.