Encontro Estadual
32º Encontro do MST em São Paulo reúne 300 militantes de todas as regionais do Estado
Por Guilherme Henrique Guilherme
Da Página do MST
Entre os dias 17 e 19 de janeiro, o MST em SP realizou o seu 32º Encontro. Após o 31º Encontro (2021) ter sido realizado de maneira virtual devido à pandemia, essa foi a primeira oportunidade da militância paulista de todas as regiões do Estado de se encontrar presencialmente e debater os desafios para o próximo período.
Durante esses três dias, os companheiros e companheiras presentes debateram a conjuntura internacional e nacional; o balanço do processo eleitoral de 2022; os desafios da Reforma Agrária Popular; o fortalecimento da organização do MST e ainda temas como as relações de gênero, orientação sexual, e a questão racial. Esses debates foram realizados de maneira coletiva, com a formação de grupos de discussão que se reuniam e chegavam a sínteses de seus debates e encaminhamentos.
No primeiro dia de encontro, debatendo a conjuntura de vitória eleitoral contra o Bolsonarismo e o fascismo, Marcio José, da Direção Estadual/SP, relembrou aos presentes a importância da autonomia do movimento social. Para ele, se o Movimento se subordina, não consegue cumprir sua tarefa histórica. Por isso, conclui: “O movimento social deve ter autonomia na sua relação com os governos, seja no Brasil, no Chile, na Colômbia ou na Venezuela”.
Ainda para Marcio, é tarefa primordial a de ajudar a formar no Brasil um movimento de massas progressista que tenha capilaridade no seio da sociedade, e, nesse sentido, empoderar o povo para que possa resolver os seus problemas.
Em outro momento de debates, já no segundo dia do Encontro, demarcando pluralidade de temas e reflexões, Gerson Oliveira, da Direção Estadual do MST/SP, afirmou que a Reforma Agrária Popular é também um grande passo contra o que chamou de Pacto da Branquitude. Dessa forma, se desde a formação histórica do país como nação a população racializada foi apartada do acesso à terra e à produção, a Reforma Agrária Popular, além de proporcionar alimentação saudável, emprego, renda, preservação ambiental, também caminha no sentido de combater concretamente o racismo.
Já o debate puxado por Paula Sassaki, também da Direção Estadual/SP, deixou claro a todos os companheiros e companheiras que combater as violências de gênero, de orientação sexual e racistas é tarefa do conjunto do MST. Elas estão no cerne do capitalismo, e não as combater significa estar alinhado aos interesses do capital. É preciso uma prática de atenção e cuidado diária e permanente.
Para além das discussões, reflexões e planejamento, nosso 32º Encontro Estadual também contou com muita mística, e com nosso povo se juntando, celebrando e confraternizando. Conforma disse o companheiro Zélitro, da Direção Nacional, “Ser da luta é ter compromisso com a emancipação humana. Mas é possível ser feliz na luta!”.
Como é da prática e da responsabilidade coletiva do MST, também contamos com um Espaço da Saúde, com uma cozinha e com a Ciranda Infantil. O espaço da saúde é um lugar de acolhimento e de cuidado com nossa militância e que está presente em todos os nossos espaços: encontros, congressos ou feiras, fomentando práticas de saúde integrativas e populares. Entre os dias 17 e 19 de janeiro passaram mais de 50 pessoas, recebendo os cuidados e práticas como ventosa, massagem, auriculoterapia, benzimento, reike e os cuidados dxs nossxs medicxs e enfermeira.
Já a Ciranda Infantil é o lugar de criação, de invenção, de recriar e de imaginar das crianças Sem Terrinha. É onde se configura a construção do coletivo infantil, no qual as crianças aprendem a dividir o brinquedo, o lápis, o lanche, a luta e a compartilhar a vida em comunidade. É um espaço fundamental também para as mães e pais dos Sem Terrinha, para que possam participar das atividades do movimento sabendo que seus filhos e filhas estão sob os cuidados coletivos da organização. Durante os 3 dias, dezenas de crianças e adolescentes passaram por esse Espaço, que teve brincadeiras, pintura, música, leitura e muito mais.
A cozinha contou com diversas doações de produtos vindos dos acampamentos e assentamentos de todo o Estado, e forneceu café, almoço e janta para as 300 pessoas presentes, com uma diversidade de alimentos: frutas, legumes, grãos, raízes e carnes.
Por fim, o encontro foi encerrado com um grande ato político em seu terceiro dia: o Ato Político em Defesa da Reforma Agrária Popular, que contou com diversos aliados e aliadas da classe trabalhadora: sindicalistas, parlamentares, representantes das universidades e de movimentos populares e de juventude. Nesse ato, reafirmamos os laços entre a classe trabalhadora do campo e da cidade em defesa da Reforma Agrária Popular e da transformação social no Brasil.
*Editado por Fernanda Alcântara