Memória
Eduardo Mondlane: exemplo de luta pela libertação de Moçambique do domínio Português
Da Página do MST
Eduardo Mondlane foi um dos fundadores da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e seu primeiro presidente. Nascido em 1924 numa aldeia do distrito de Manjacaze, na província do Xai-Xai, no Sul de Moçambique, cursa o ensino primário em missões protestantes e, aos 13 anos, se muda para a capital da colônia, Lourenço Marques, para trabalhar e estudar.
Em outubro de 1950 segue para Portugal, para frequentar a Faculdade de Letras. Na capital portuguesa, Mondlane convive de perto com outros futuros destacados dirigentes das lutas de libertação nacional das então colônias africanas portuguesas – Agostinho Neto, Mário de Andrade, Amílcar Cabral, Marcelino dos Santos.
Em 1951, face à “constante perseguição que a maior parte dos estudantes africanos sofria em Lisboa”, segue para os Estados Unidos, com nova bolsa de estudos, patrocinada por religiosos protestantes.
Em 1961 decide regressar à África e dedicar-se à luta pela independência de seu país.
Sob impulso de Mondlane e de outros revolucionários moçambicanos, é fundada, em 25 de junho de 1962, a FRELIMO, criando as condições para o desencadear da última etapa da luta pela libertação nacional dos moçambicanos.
O desencadear da guerra libertadora moçambicana tem lugar em 25 de setembro de 1964, na província nortenha de Cabo Delgado. É Mondlane quem lê no rádio o comunicado da FRELIMO proclamando a “insurreição geral armada”, contra o regime colonial português, dirigindo-se a “moçambicanas e moçambicanos, operários e camponeses, trabalhadores das plantações, das serrações […], trabalhadores das minas e das estradas de ferro, dos portos e das fábricas, intelectuais, funcionários, estudantes, soldados moçambicanos no exército português, homens, mulheres e jovens, patriotas.” E informa que a luta para “a conquista da independência total e completa de Moçambique” só cessará com “a liquidação total e completa do colonialismo português.”
A luta política e armada conduzida pela FRELIMO avança rapidamente. São criadas zonas libertadas no Norte de Moçambique que escapam à administração colonial e constituem o embrião do futuro Estado moçambicano.
No dia 3 de fevereiro de 1969, frente aos avanços do combate emancipador, Eduardo Mondlane é barbaramente assassinado em Dar-es-Salam, vítima da explosão de uma armadilhada, encomendada e enviada por agentes do colonialismo português.
Após sua morte, a data é conhecida e celebrada no seu país, como o Dia dos Heróis Moçambicanos.
“[…] Uma base comum que todos tínhamos quando formamos a FRELIMO era o ódio ao colonialismo, a necessidade de destruir a estrutura colonial e impor uma nova estrutura social… Mas que tipo de estrutura social ninguém sabia. Alguns […] tinham ideias teóricas, mas mesmo esses foram transformados pela luta. […] A FRELIMO é, agora, realmente, muito mais socialista, revolucionária e progressista… porque as condições de vida em Moçambique, o tipo de inimigo que nós temos, não admite qualquer outra alternativa […].” (Eduardo Mondlane)
*Editado por Solange Engelmann