Cultura Popular
Bloco de carnaval do MST, Pisa Ligeiro, ocupa as ruas de Juiz de Fora
Por Matheus Teixeira e Thamara Dias
Da Página do MST
No próximo sábado, dia 11 de fevereiro, celebrando o pré-carnaval de Juiz de Fora, em Minas Gerais, o bloco do MST Pisa Ligeiro ocupará pela primeira vez as ruas históricas da cidade trazendo do campo as ferramentas de trabalho, agora como instrumento musical.
A cidade de Juiz de Fora recentemente, em 13 de janeiro inaugurou o Armazém do Campo, a loja da Reforma Agrária, com espaço para comercialização de produtos, encontros e programações culturais que vem agitando o campo progressista da cidade.
Com a chegada do carnaval, a cidade entra em clima de festa e conta com uma extensa programação que atende a todos os gostos e faixas etárias. O MST não ficou de fora e convocou as famílias assentadas, militantes e parceiros para ocupar as ruas e celebrar a festividade ressignificando as ferramentas de trabalho do povo camponês e colocando na rua o Bloco Pisa ligeiro. Bloco que aproxima e estreita relações entre o campo e a cidade utilizando ferramentas de trabalho como instrumentos percussivos.
Celebração da luta e do trabalho
O bloco de carnaval do MST em Minas Gerais surge como um desdobramento da 2ª edição da Escola de Artes João das Neves, realizada em 2019, incentivado por artistas do campo popular como Titane e Pereira da Viola que percebem para além do agitador e festivo, o potencial mobilizador e de diálogo para com a sociedade que o bloco cumpriria. Se somando no processo de concepção do bloco, Sérgio Pererê e Paulinho Santos cumprem um papel fundamental junto aos demais para que o bloco tome forma e consequentemente as ruas.
Desde sua concepção, o Pisa Ligeiro traz consigo o caráter de celebração da luta e do trabalho de forma bem marcante. Ao carregar os elementos da luta camponesa, simbologias e palavras de ordens, o bloco atua com uma ferramenta que amplifica a luta camponesa pela Reforma Agrária Popular, e aproxima cada vez mais campo e cidade.
Para Guê Oliveira, da direção estadual do coletivo de cultura do MST, o bloco tem a capacidade de dialogar com a sociedade para além das tradicionais formas de luta. Aliado à ocupação das terras, marchas e festivais de arte e cultura, o bloco Pisa Ligeiro compõe uma das metodologias para disputar mentes e fazer a batalha ideológica a partir da cultura popular.
“O bloco é essa forma diferente de reinventar a luta, para a gente não chegar nas pessoas só pelo intelecto, pela fala, discurso, mas chegar também nos corações.” Afirma a dirigente.
Por interesse dos que detêm os meios de produção, os donos do capital, é difícil a concepção conjunta de festividade e trabalho, e também como uma maneira de subversão, o MST traz para o carnaval sua identidade para (re)lembrar que a luta coletiva por melhores condições de vida se faz de diversas maneiras, e que é nela que nos encontramos.
Marcado pelas bandeiras, pela ressignificação das ferramentas de trabalho, como a enxada que se transforma em um instrumento percussivo e compõem a bateria, pelas formigas, pelo conjunto de toda a militância e parceiros, o bloco do MST ocupa as ruas com alegria, festejando e anunciando a cultura Sem Terra.
Serviço
Bloco Pisa Ligeiro na Praça da Estação, Juiz de fora, a partir das 09h
Entrada gratuita
Apresentações de: Carlos Fernando e Cacáudio, DJ MCastro, Samba da Juju e Bloco Pisa ligeiro
*Editado por Solange Engelmann