Brigada Oziel Alves
Brigada Nacional Oziel Alves tem início na região Sudeste com mais de cem militantes
Por Renata Menezes
Da Página do MST
Quando se está enfileirado no meio de uma marcha, não se vê seu início ou seu fim. Entretanto, confiamos na direção dos que conduzem, e na retaguarda dos atentos, pois é tempo “de deixar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos” e seguir em multidão, um destacamento para as batalhas da luta de classes.
A Escola Nacional Florestan Fernandes é um dos maiores exemplos do que a pedagogia de trabalhadores e trabalhadoras pode construir: do cimento às aulas, da limpeza à poesia, do estudo à prática. É neste lugar, de educação popular que emana de todos os tecidos, tijolos e povo que compõem a Escola, que a Brigada Nacional Oziel Alves da região Sudeste dá início à primeira etapa de formação, com duração de dez dias nesta última semana de abril.
Com atuação nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, mais de cem militantes estarão dedicados ao estudo e aos desafios de formar uma brigada de caráter nacional, para a projeção de dirigentes do MST no próximo período. A etapa acontece na mesma data que outras regiões do país e tem como objetivo massificar as trincheiras do trabalho de base, da formação política e da organização popular.
Durante estes dias reunidos, a turma da Brigada na região Sudeste relembrou o Massacre de Eldorado dos Carajás, e a memória do jovem Oziel, assassinado junto com outros 20 companheiros na “Curva do S” no Pará, em 17 de abril de 1996. No que foi um dos episódios mais lamentáveis da história dos conflitos no campo no Brasil. A partir de então, este abril, marcado pelo sangue de lutadores tombados, tornou-se símbolo mundial, como Dia Internacional da Luta Camponesa e Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
O que antes era marcado pelo conflito, pela dor e pela indignação, foi transformado ao longo destes 27 anos em mobilização, em estudo do plano de luta e em desejo e prática para a transformação da realidade. A Brigada Nacional Oziel Alves estará, durante dois anos, em preparação das ações do MST rumo aos seus 40 anos, e será acolhida pelo MST no 7º Congresso Nacional, para formatura.
O momento não será marcado somente pelo estudo: durante este período, a Brigada a nível nacional assume o compromisso de agitar os territórios para o trabalho de base, as ações de solidariedade, alfabetização, combate às violências, produção de alimentos saudáveis, plantio de árvores e demais iniciativas que fortaleçam a organização de base e agite as mobilizações rumo à uma perspectiva emancipadora, pela Reforma Agrária Popular enquanto projeto de sociedade para sanar a fome com terra para os trabalhadores e trabalhadoras plantarem.
Com ânimo e disposição, mais cem Oziéis Alves gritam viva ao seu movimento, entrincheirados não apenas na curva do S, mas em todo o Brasil, para romper as cercas, construir o presente e plantar um futuro comum de justiça, igualdade e sonhos transformados em realidade.
*Editado por Gustavo Marinho