Cultivando Solidariedade
Com presença de Padre Júlio Lancellotti, MST doa mais de 38 toneladas de alimentos
Por Ana Carolina Vasconcelos e Diógenes Rabello
Da Página do MST
Neste domingo (14), dia de encerramento da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) doou mais de 38 toneladas de alimentos beneficiando 24 entidades que atuam nas periferias de São Paulo. As organizações também receberam livros da editora Expressão Popular, mudas de árvores nativas e sementes.
O momento contou com a presença do padre Júlio Lancellotti, que desenvolve ações de solidariedade e organização de pessoas em situação de rua na cidade.
Durante o ato de entrega das doações aos representantes das entidades, Lancellotti, parceiro do MST, destacou a importância do movimento para a garantia de alimentação e moradia para milhares de brasileiros.
Neste momento, a palavra é de gratidão e de encorajamento. A nossa luta vale a pena. Não podemos desistir. Devemos ocupar, produzir e resistir”, agradeceu o padre.
Júlio Lancellotti também enfatizou que o aumento da fome e a falta de moradia nas cidades brasileiras são contradições, já que o país é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e concentra uma grande quantidade de terras que não cumprem função social.
“Todos que estão hoje andando pelo centro de São Paulo estão vendo a quantidade de gente morando nas ruas. Isso se repete por todo o país. O povo sabe que tem comida para todo mundo, porque o Brasil produz, o MST produz alimentos de qualidade para os mais pobres”, destacou.
Conferência debate alimentação saudável
Mais cedo, durante a conferência “Alimentação saudável: um direito de todas e todos”, que iniciou as atividades do último dia de feira, o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, destacou o significado de solidariedade para o movimento. Diferente da caridade, o MST compreende o princípio como parte da construção da soberania popular.
“A solidariedade é diferente de caridade, que é apenas uma ilusão da burguesia. O povo precisa de trabalho e de renda e não de caridade. O antagônico da caridade é a solidariedade. Só existimos como civilização porque existe a solidariedade, sem ela não há vida humana”, explicou Stédile.
Também estiveram presentes no encontro os ministros Márcio Macêdo, da Secretaria Geral da Presidência, Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social, e Luiz Marinho, do Ministério do Trabalho e Emprego. E ainda os deputados federais Carlos Zarattini (PT/SP), Valmir Assunção (PT/BA), o deputado estadual Missias do MST (PT/CE) e a deputada estadual Rosa Amorim (PT/PE). O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) e parte de seu secretariado também participaram da conferência.
Em saudação à Feira Nacional, as autoridades presentes demonstraram apoio à Reforma Agrária e reconheceram a atuação histórica do MST no combate à fome. Em suas intervenções, os ministros destacaram que a Reforma Agrária é uma pauta do conjunto da sociedade.
Segundo eles, por isso, o governo Lula tem assumido o compromisso com o estímulo à produção de alimentos saudáveis e acesso da população vulnerável socioeconomicamente a eles, por meio de políticas públicas, como o retorno do PAA e o fortalecimento do PNAE.
“Toda essa produção exposta aqui mostra uma maturidade do Movimento Sem Terra em entrar nas cadeias produtivas e disputar mercado. Isso não é só importante para a sobrevivência dos assentados e das assentadas, mas também é uma preocupação com o Brasil, uma preocupação para fazer com que o alimento chegue à mesa dos brasileiros” disse o Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo.
“Nós temos um desafio muito grande que é, em um país continental como esse, onde todos os equipamentos do governo foram desmontados no governo anterior, a necessidade de reconstruir todos os programas que tinham como objetivo o incentivo à agricultura familiar, para que o nosso país não sofra nenhum tipo de desabastecimento alimentar”, completou o ministro.
Já Paulo Pimenta, destacou o compromisso do governo federal com o combate à fome no país. Ele ainda afirmou que o MST é um parceiro prioritário nessa agenda.
“Certamente essa parceria com os movimentos é decisiva, em particular com o MST. Essa feira é um exemplo para o Brasil de que é possível sim, através da Reforma Agrária e através da agricultura familiar, produzir alimentos, produzir comida, de forma diversificada, orgânica e com preço justo. O MST está mostrando que é possível sim fazer do Brasil um país mais digno e mais feliz para que o povo possa viver em uma sociedade justa”, concluiu o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social.
Também fizeram intervenções durante a conferência a pesquisadora especializada em alimentação e fome, Adriana Salay, e o representante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Alan Tygel.
Saiba quais entidades receberam as doações
1. Associação Carla Libra Lino
2. Associação dos Voluntários Integrados do Brasil
3. Cesta Aberta e Casa do povo
4. Gastronomia Periférica
5. Associação de Moradores do Jardim
6. Associação de Apoio as Famílias Vulneráveis AACV
7. Instituto CEU Estrela Guia Mãe
8. Quebrada alimentada
9. Movimento Brasil Popular do Bairro Boqueirão
10. Rede Rua
11. Pastoral do Povo da Rua
12. AMIC Associação dos Migrantes pela Interação Comunitária
13. Movimento Brasil Popular do Bairro Jardim São Savério
14. Conselho comunitário dos cafezais
15. As Carolinas
16. Agência Solano Trindade
17. Associação dos Ambulantes e Camelôs Jaciara do Estado de São Paulo
18. Ocupação Queixadas
19. Legião da Boa Vontade
20. Cida Preta Catadora
21. Trançamor
22. O amor agradece
23. Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
24. Movimento Sem Teto do Centro
*Editado por Fernanda Alcântara