Feira do MST
Gaby Amarantos: “a Feira do MST representa um Brasil que é continental e plural”
Por Camila Fróis, Fernanda Alcântara e Jade Azevedo
Da Página do MST
Nascida no bairro de Jurunas, na periferia de Belém (PA), Gabriela Amaral dos Santos, conhecida pela alcunha artística de Gaby Amarantos foi uma das artistas que projetou os ritmos amazônicos, em especial o tecnobrega, para todo do Brasil. Além da cultura paraense, Gaby sempre levou sua atitude e posicionamento político para todos os espaços que ocupou desde que se tornou uma artista de expressão nacional, como mulher negra, periférica, vinda da região norte do país, que, por muito tempo, teve sua cultura subestimada na cena pop do Brasil.
Depois da sua apresentação na 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, na noite deste sábado (13), com participação especial do cantor Johnny Hooker, Gaby se lembrou com carinho das descontraídas noites musicais das quais participava em assentamentos do MST, na capital paraense.
No comecinho da minha adolescência, eu frequentava os assentamentos do MST em Belém. Tinha muitos amigos lá e frequentava o acampamento, cantava na roda de violão, em clima de família, solidarizava com a galera. Então, eu fico muito feliz de estar aqui hoje e lembrar dessas histórias, porque sempre me simpatizei muito com essa causa. Eu sou da Amazônia, então eu acho que cuidar da terra, produzir e levar alimentação saudável, com amor e carinho, para a mesa do brasileiro é algo que eu me identifico muito”.
Em suas músicas, a cantora retrata a paixão pelo seu país, pela sua cultura, pela sua biodiversidade, pelos rios da Amazônia, pela beleza de Belém, pela força da periferia de onde veio. Para ela, a diversidade da Feira MST também traduz a riqueza, a potência e a diversidade dessa Amazônia e de todas as partes do Brasil. “É muito bonito ver essa descentralização. Aqui a gente vê um Brasil que é plural, a gente vê esse Brasil gigante, continental, porque o Brasil não é Brasil sem Amazônia. Não é Brasil sem o Norte. Então, esse evento está completo, porque tem gente de todo lugar do país”.
Sobre o momento político do Brasil, Gaby afirma que é tempo de alívio e de bonança pós-tempestade, mas que todos precisam seguir se posicionando. “Não só os artistas, mas todos os cidadãos precisam se posicionar e acompanhar tudo que está acontecendo, porque não adianta só se preocupar com a figura do presidente. Temos que acompanhar cada um dos poderes, a prefeitura, os vereadores que fazem leis locais, temos que ser sujeitos políticos”.
*Editado por Solange Engelmann