Agronegócio
O Joio e O Trigo lança página especial sobre atuação do agronegócio em terras indígenas
Da Página do MST
O Joio e O Trigo, importante veículo de comunicação, lançou recentemente uma página dedicada que compila extensa cobertura sobre projetos de agronegócios que ocorrem em territórios indígenas. Esta plataforma abrangente apresenta dezenas de artigos e quatro episódios de podcast, fornecendo aos pesquisadores, ativistas e formuladores de políticas um recurso valioso para consulta.
Entre junho de 2022 e maio de 2023, a equipe Joio e O Trigo realizou uma investigação aprofundada sobre a expansão da monocultura em áreas indígenas no Mato Grosso. A pesquisa abordou vários aspectos, incluindo como os agricultores locais invadiram as terras indígenas para cultivar culturas como milho e soja, o envolvimento de lideranças indígenas na agricultura mecanizada e os papéis desempenhados pelo governo federal, Ministério Público Federal e autoridades locais.
A investigação ressalta como o governo de Jair Bolsonaro explorou um verniz de legalidade para promover uma ideologia que violava a constituição entre as comunidades indígenas. Os repórteres de Joio e O Trigo também examinaram o destino da soja produzida em territórios indígenas, que, em tese, não deveria interessar a grandes corporações e não deveria ser exportável.
As investigações incidiram sobre dois casos emblemáticos e distintos. Por um lado, o governo Bolsonaro reforçou e ampliou as práticas de cultivo que vinham ocorrendo há duas décadas nos territórios Pareci, Manoki e Nambikwara. A equipe Joio e O Trigo descobriu irregularidades e manipulações inéditas nesse sentido. Por outro lado, o início do cultivo da soja em uma terra indígena Xavante serviu de vitrine, por meio da qual o governo Bolsonaro tentou convencer membros de outros grupos indígenas a adotar um sistema de “parceria” com o agronegócio.
No total, a equipe percorreu cerca de seis mil quilômetros, realizando cerca de 80 entrevistas com lideranças indígenas que abraçaram a produção de soja, agricultores locais, funcionários da Funai e indígenas críticos do relacionamento com grandes proprietários. Ao longo de doze meses, eles analisaram minuciosamente cerca de 10 mil páginas de documentos da Funai, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), notas fiscais de compra de soja e atas de reuniões de cooperativas indígenas. Essas investigações revelaram inúmeras irregularidades nas interações entre o setor do agronegócio e os povos indígenas.
O lançamento desta página de cobertura abrangente por O Joio e O Trigo marca um marco significativo ao evidenciar a complexa dinâmica que envolve os empreendimentos do agronegócio dentro das terras indígenas. A riqueza de informações e percepções da plataforma serve como um recurso crucial para pesquisas contínuas, esforços de defesa e formulação de políticas públicas destinadas a enfrentar os desafios multifacetados enfrentados pelas comunidades indígenas em relação a esses projetos.
Confira a página pelo link:
Entre a soja e o cerrado (https://ojoioeotrigo.com.br/2023/04/entre-a-soja-e-o-cerrado)