Reforma Agrária
“A Reforma Agrária é necessária para o país”, afirma Ministro durante Festa do Café do MST
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
O Assentamento Vale da Vitória, na cidade de São Mateus, Norte do Espírito Santo, recebe ao longo deste sábado (22) a 1ª Festa da Colheita do Café da Reforma Agrária Capixaba, organizada pelo MST como momento de celebração da produção do café pelas famílias Sem Terra da região. Como parte da agenda, o Movimento Sem Terra recebeu o Ministro Paulo Teixeira, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, que conheceu a produção de famílias assentadas, bem como as instalações da agroindústria responsável pelo beneficiamento dos grãos.
“Esta é uma das maiores experiências de agroindústria de um programa da Reforma Agrária e do MST”, destacou em visita na Cooperativa de Beneficiamento, Comercialização e Prestação de Serviços dos Agricultores Assentados (Coopterra). “Hoje eu vi aqui uma experiência importante na produção e sistema cooperativado do café e da pimenta. Um sistema que deu certo, demonstrando o papel da Reforma Agrária e da cooperação”.
A cooperativa que hoje conta com mais de duzentos cooperados, é referência no beneficiamento do café da região, principal cadeia produtiva em consolidação das famílias assentadas nas áreas do MST. “Esse café que está sendo produzido aqui é vendido em todo o país. Mostra que a Reforma Agrária é necessária”, comentou.
“Ainda tem muita gente querendo lavrar a terra e que precisa de terra, e ainda tem muita terra que não está sendo utilizada para a produção no Brasil, por isso esse encontro é fundamental”, ressaltou Teixeira.
O Ministro reforçou ainda a importância da experiência ser administrada integralmente pelas famílias assentadas.
Durante sua passagem pela Festa, o Ministro participou ainda o ato político em defesa da Reforma Agrária junto de autoridades do estado, do Poder Público municipal e representantes de movimentos populares, onde posicionou a necessidade de garantia de mais investimentos para a produção de alimentos saudáveis no Espírito Santo e em todo o país.
Luta pela terra
Ainda compondo o ato político, João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST pontuou a importância da organização dos trabalhadores e trabalhadoras no Espírito Santo, que foi fundamental para a consolidação do Movimento Sem Terra em todo o país, seja no aspecto da produção de alimentos ou nas bases da educação do campo.
“Mesmo de forma micro, aqui no Espírito Santo temos revelado um quadro na luta de classes nacional, especialmente no campo da agricultura: enquanto três empresas querem transformar o estado no paraíso do eucalipto, houve um campesinato forte que resistiu e construiu uma proposta de produção de alimentos saudáveis através da agricultura familiar”, disse Stédile.
Para João Pedro o estado do Espírito Santo “reproduziu a resistência e a construção de projetos alternativos ao capital, com experiências concretas”.
Apresentando as experiências concretas ao ministro, Stédile destacou a referência da produção de alimentos, agroindústrias e cooperação, além de ações no âmbito da educação e participação da juventude.
“É importante que o Ministro veja tudo isso de perto para que a gente consiga avançar”, sinalizou. “Temos que recuperar uma política de crédito para as agroindústrias, assim como temos que retomar o Pronera, e para isso estaremos atentos para as lutas necessárias em defesa do desenvolvimento dos nossos assentamentos”.
A Festa, que segue com atividades até o período da noite, conta ainda com uma diversa programação cultural. A expectativa é de que cerca de mil pessoas passem pela Festa durante todo o dia.
*Editado por Erica Vanzin