Formação

MST São Paulo inicia mais um ciclo da Escola Estadual de Formação

Atividade acontece descentralizada em todas as regionais do estado, abrangendo diversos temas da conjuntura agrária, ambiental e do trabalho de base
Atividade aconteceu no sábado (05), no espaço do Viveiro Regional da Reforma Agrária, no assentamento Che Guevara, em Mirante do Paranapanema. Foto: MST Pontal do Paranapanema SP

Por Coletivo Estadual de Comunicação do MST em São Paulo
Da Página do MST

Nesses quase 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a formação prática, política e intelectual de nossa base social é imprescindível para avançar na construção do projeto da Reforma Agrária Popular. O estudo contribui para a formação de novos militantes, dirigentes e quadros para atuarem nas tarefas da nossa organização.

Este é o desafio posto para a Escola Estadual de Formação, que tem como objetivo compreender a natureza do MST, a atualidade da questão agrária, os desafios da luta pela terra, bem como contribuir com a reflexão-ação sobre a ofensiva do capital em todas as esferas da vida através de atuação do agronegócio no campo e seus impactos.

Essas são dimensões fundamentais na luta e enfrentamento necessário do atual modelo do campo baseado no latifúndio e no agronegócio, que concentra terras, desterritorializa os trabalhadores e as trabalhadoras, contamina e degrada o meio ambiente, gera violências e promove desigualdade social. Além de refletir sobre a função da resistência dos povos, da construção da agroecologia e da conservação da biodiversidade local e regional enquanto espaço de luta e resistência. Sendo assim, o estudo a partir da realidade dos nossos territórios, mediado pelos elementos mais estruturais da luta de classes nos impulsiona a uma melhor compreensão da atualidade, no que se refere às ações políticas e de organização da classe trabalhadora.

Foto: MST Pontal do Paranapanema SP

É com essas preocupações em mente que o MST em São Paulo promove anualmente a Escola Estadual de Formação, que desde a pandemia tem sido desenvolvida através do método descentralizado, onde cada uma das dez regionais organiza sua proposta metodológica de formação a partir dos debates e elementos locais, que reflitam a realidade dos assentados e assentadas, acampados e acampadas.

Para Márcio José, da Direção Nacional do MST em São Paulo, o Movimento Sem Terra constrói a Escola Estadual de Formação “para que a gente possa ajustar a nossa própria organicidade, para que atualize o processo da organicidade para o nosso tempo histórico com os desafios atuais da luta pela terra, da luta pelas políticas públicas, da luta para alcançar as conquistas para o nosso povo. E isso tudo depende de formação política, carece de nos dedicarmos ao estudo. Por isso é importante retomar a Escola Estadual de Formação para que a gente possa ter os elementos necessários para avançar nos processos de luta”. 

Neste ano, a Escola Estadual de Formação teve início pela regional do Pontal do Paranapanema, extremo Oeste do estado de São Paulo. Nesta etapa, os debates se voltaram para a questão socioambiental, buscando elevar o nível de consciência dos assentados e assentadas sobre a crise climática, que tem como um dos motores o avanço do agronegócio e da produção de commodities, e dialogar sobre a saída dessa crise que, na perspectiva da Reforma Agrária Popular, só é possível pela agroecologia e a adoção de práticas e técnicas de trabalho, que atuem na conservação ambiental e na proteção dos bens comuns. 

A atividade aconteceu no último sábado, (05), no espaço do Viveiro Regional da Reforma Agrária, localizado no assentamento Che Guevara, em Mirante do Paranapanema, e contou com a participação de 30 assentados e assentadas dos municípios de Mirante do Paranapanema, Sandovalina, Teodoro Sampaio, Rosana, Euclides da Cunha Paulista, Ribeirão dos Índios, Presidente Bernardes e Marabá Paulista. 

A programação contou com uma ação de trabalho coletivo pela manhã, com a manutenção do espaço do Viveiro Regional, e à tarde aconteceu um momento de estudo e debate coletivo sobre a questão ambiental na região.

Ainda como parte do calendário da Escola Estadual de Formação, estão previstas atividades nas outras nove regionais ao longo deste semestre. Outros temas que deverão ser estudados nas próximas etapas são: avanços e desafios para os desenvolvimentos nos territórios de Reforma Agrária; combate à violência doméstica; solidariedade, políticas públicas; gênero, diversidade e relações humanas; cooperativismo e outros.

*Editado por Solange Engelmann