Nota de Solidariedade
Justiça para Mãe Bernadete e os povos de terreiro!
Foto: Conaq
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
É com imensa indignação que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na Bahia recebe a notícia do cruel assassinato da líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Mãe Bernadete. Uma grande companheira na luta antirracista, pelos direitos humanos e defesa dos povos de quilombo e terreiro. Uma lutadora da terra!
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra se solidariza com toda família e com os povos de terreiro, ao tempo que reivindica ao Estado que garanta uma investigação com celeridade e que os responsáveis por esse crime, de fato, sejam punidos pela lei.
O ódio e a violência é um método que caracteriza o modus operandi da classe dominante, que a serviço do capital e guiados pela ganância, utilizam dessa prática contra aqueles e aquelas que dedicam suas vidas pela defesa do povo e de seus territórios.
Essa violência nefasta pode ter tombado o corpo da Mãe Bernadete, mas sua voz continuará ecoando nas mais diversas frentes da luta por um mundo melhor e inclusivo.
Justiça para Mãe Bernadete e os povos de terreito!
Maria Bernadete Pacífico foi secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho/BA, entre 2009 e 2016, marcando o município pela luta ao respeito e direitos às comunidades quilombolas. Também liderava uma associação de 120 agricultores, que produziam e comercializavam farinha de vatapá, frutas e verduras, como abacaxi, banana da terra e maracujá.
Não é primeira vez que o quilombo Pitanga dos Palmares sofre com a violência, em 2017, o filho de Bernadete, conhecido como Binho do Quilombo foi assassinado. As comunidades quilombolas da região de Simões Filho/BA sofrem ameaças recorrentes de grupos ligados à especulação imobiliária. De acordo com dados recentes da CPT, a Bahia é o terceiro estado com maior número de violência no campo, registrando em 2022, o total de 211 conflitos no campo em toda a Bahia.
No quilombo Pitanga dos Palmares vivem 289 famílias e tem 854,2 hectares, área já certificada pela Fundação Palmares e reconhecida em 2017 pelo Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do INCRA.
A prática da violência contra contra as comunidades quilombolas, ribeirinhas, fundo de pasto, Territórios Indígenas, famílias camponesas, são reflexo de uma sociedade preconceituosa, patriarcal, misógina, LGBTfóbica e xenófoba, aprofundada em desigualdades sociais provocadas pelo modelo de sociedade capitalista.
E para agravar a situação, a política bolsonarista pautada no fundamentalismo cristão, com vocação autoritária, armamentista, fez e faz um desserviço à humanidade ao incitar a perseguição às lideranças e territórios que lutam pela defesa de uma sociedade mais justa, humana, democrática e fraterna.
Exigimos justiça e repudiamos a violência contra os povos do campo, das florestas e das águas! Mãe Bernadete presente, presente e presente!
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
18 de agosto de 2023