Formação
Curso básico de agroecologia e educação na região sul discute a Reforma Agrária Popular
Por Coletivo de Comunicação MST na Região Sul
Da Página do MST
Sob a inspiração da mística Sem Terra, começou neste domingo (03) em Fraiburgo, Santa Catarina o Curso Básico de Agroecologia e Educação da Região Sul. Reunindo 80 participantes, dentre eles educadores e educadoras de 23 escolas dos acampamentos e assentamentos do MST, estudantes e militantes dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Durante sete dias intensos, busca-se avançar na elaboração teórica e prática da agroecologia como parte da formação humana e sobre o papel das escolas de educação básica dos acampamentos e assentamentos na transição agroecológica, na perspectiva do avanço da consciência política-ambiental e da construção da Reforma Agrária Popular.
Valter Leite, dirigente nacional do setor de Educação do MST, destaca a importância da iniciativa do curso. “Os Cursos Básicos de Agroecologia e Educação assumem uma grande relevância enquanto espaço-tempo de massificação da apropriação dos fundamentos da Reforma Agrária Popular e da agroecologia para continuarmos no trabalho de desenvolvimento de uma lógica organizativa, didática e pedagógica que proporcione avançarmos na forma de conceber e desenvolver a relação entre ensino, trabalho e agroecologia, fundamentalmente nas escolas do campo.”
O curso integra o conjunto das iniciativas formativas que o MST desenvolve para inserção das Escolas do Campo nos processos de massificação das bases científicas da agroecologia, dos fundamentos da Reforma Agrária Popular e no enraizamento do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis. Busca-se com isso, dialogar com as educadoras e educadores, para avançar na consciência ecológica desses sujeitos que atuam como protagonistas em escolas de assentamentos e acampamentos, sobre a participação coletiva no cuidado com os bens comuns da natureza, na produção de alimentos saudáveis e na construção da soberania alimentar dos povos, no enfrentamento à crise ambiental.
José Maria Tardim, Educador Popular do MST, enfatiza, “foi pelo conhecimento prático e sistematizado teoricamente, convertido em luta política que o MST se prepara nessa trajetória a incluir a agroecologia no currículo da educação básica. Nesse momento, nos encontramos em catarse da luta pela terra e Reforma Agrária Popular, transformando a sociedade. E a gente traduz isso incluindo a dimensão ecológica na educação básica.”
Ele também comenta sobre a importância de levar o debate e a prática da agroecologia para as Escolas do Campo de ensino fundamental. “Pela agroecologia, vamos preparar a nossa infância para ser sujeito político, radical e revolucionário do século XXI, que inclui nessa perspectiva da emancipação humana a agroecologia como orientação a essa transformação radical.”
Integra o programa do curso, o conteúdo político-pedagógico das ações educativas do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis e da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida com intuito de ampliar a participação das escolas.
Clarisse Telles, dirigente estadual do setor de Educação do MST, reforça que o curso visa trabalhar as várias dimensões da vida, inclusive a saúde individual. “Além do estudo sobre a conjuntura da Reforma Agrária no Brasil e da agroecologia, bem como da abordagem sobre como inseri-los na prática da educação básica, também abordamos o tema da saúde. Entendemos a agroecologia como uma prática social inseparável da totalidade da vida. O mesmo princípio orienta nossa abordagem na ciranda infantil, um espaço dedicado ao cuidado com a infância, onde as crianças são atendidas com atividades lúdicas e pedagógicas, possibilitando, assim, a participação das mães no curso.”
O Curso também acontece nas demais regiões do país, fortalecendo, ampliando e reafirmando as raízes da Educação do Campo e o seu papel político, ético, organizativo e pedagógico na atualidade. Além de construir caminhos para a ressignificação da função social e ambiental da escola na luta pela humanização dos territórios e enquanto guardiãs da biodiversidade.
Educação do Campo: Direito nosso! Dever do Estado, Compromisso da Comunidade.
*Editado por Solange Engelmann