Nota
MST presta solidariedade aos camponeses e ao povo do Níger!
Da Página do MST
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil, membro da Via Campesina Internacional e da Assembleia Internacional dos Povos (AIP), manifesta sua solidariedade com o povo do Níger na luta em defesa de sua soberania nacional.
Após as ameaças de líderes da CEDEAO de lançar uma guerra contra o Níger encontrarem forte oposição dos povos de toda a África e de governos como os de Mali, Burkina Faso e Guiné, a CEDEAO, pressionada pela França, União Europeia e Estados Unidos, impôs sanções econômicas ao Niger que levaram ao fechamento das fronteiras aéreas e terrestres, impedindo o comércio e o acesso a bens de necessidade básica da população.
Como consequência, o país já enfrenta escassez de alimentos, e mais uma vez o povo do Niger se une para sobreviver. O papel de movimentos e organizações camponesas como a Plataforma Camponesa do Niger, membra da Via Campesina Internacional, tem sido fundamental para fornecer alimentos de produção local para a população.
O Níger e vários países da África vêm enfrentando há anos os efeitos da intervenção liderada pela OTAN na Líbia em 2011, que criou instabilidade regional e a disseminação de organizações terroristas em toda a África Ocidental. As intervenções militares organizadas com o suposto objetivo de garantir a paz e a democracia resultaram apenas em conflitos militares prolongados e perdas significativas de vidas.
A derrubada do presidente Mohamed Bazoum no Níger segue-se às derrubadas dos governos da Guiné, Mali e Burkina Faso apoiadas pelo povo. Em todos esses casos, a população manifestou sua indignação contra as condições que são o resultado direto do domínio contínuo do neocolonialismo francês e da presença militar da França na região.
O uso de organizações como a CEDEAO e a OTAN para defender os interesses das potências imperialistas e apoiar governos que são amplamente rejeitados pelo povo vai contra todos os princípios de democracia, paz e prosperidade.
O povo do Níger tem o direito de buscar a paz e o desenvolvimento econômico para satisfazer suas necessidades materiais e sociais. As sanções e a intervenção militar apenas sabotarão a chance de desenvolvimento e levarão o país a mais perdas de vidas humanas.
Dessa forma, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Brasil se une ao povo do Níger em suas reivindicações:
- O fim de todas as tentativas de intervenção militar por parte da CEDEAO, da OTAN ou da França;
- O fim de todas as sanções contra o Níger;
- A remoção imediata das bases militares estrangeiras do Níger e de outros países africanos.
Viva o povo do Niger!
Direção Nacional do MST
São Paulo, 11 de setembro de 2023