Mobilização
Ato em frente ao consulado dos EUA no Rio pede retirada de Cuba da lista de terrorismo
Por Brasil de Fato | São Paulo (SP)
Na manhã desta segunda-feira (18), o movimento Levante Popular da Juventude realizou um “escracho” em frente ao Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro pela retirada de Cuba da lista dos Países Patrocinadores do Terrorismo.
A medida capitaneada pelos EUA impõe uma série de bloqueios políticos e econômicos ao país caribenho. Além da lista, Cuba sofre um conjunto de embargos, leis que impedem o governo cubano de comercializar com empresários estadunidenses, impõe barreiras de crédito e sanções a bancos ou países que decidam realizar transações econômicas com a ilha.
Entre as medidas de embargo, está a proibição de que Cuba comercialize com o dólar a nível internacional e que adquira tecnologia ou equipamentos com mais de 10% de componentes fabricados nos EUA.
“Há décadas o governo dos Estados Unidos vem adotando uma política hostil, buscando isolar o povo cubano por meio de diversas sanções. Em meio à pandemia, no ano de 2021, o governo Trump reforçou o bloqueio com 243 novas sanções e incluiu novamente Cuba na Lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo”, argumenta o movimento em nota.
“A decisão de incluir ou excluir um Estado da lista de países patrocinadores do terrorismo cabe exclusivamente ao presidente dos Estados Unidos e pode ser tomada a qualquer momento. Por isso, com a ousadia da juventude, o Levante ocupa o Consulado estadunidense pelo compromisso com a luta internacionalista, pela luta do povo latinoamericano contra os tentáculos do imperialismo e pelo legado da revolução cubana.”
Daiane Araújo, militante do Levante Popular da Juventude e também vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirma que Cuba é “vítima de um embargo ilegal e só está na lista de países que apoiam o terrorismo porque os Estados Unidos são contra a autodeterminação dos povos”. Para Araújo, “Cuba é exemplo de força, humanismo e solidariedade no mundo todo, defensora da soberania dos povos de todo mundo e da justiça social”.
No último sábado (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos contra Cuba durante a cúpula do G77+China, que ocorreu em Havana, capital cubana, e é o maior evento de países do Sul Global dentro da Organização das Nações Unidas (ONU).
“É de especial significado que, nesse momento de grandes transformações geopolíticas, essa cúpula seja realizada aqui em Havana. Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa e até é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo”, destacou o presidente.
Os EUA mantêm uma proibição de fazer negócios com a ilha socialista desde 1962. Em 2021, o então presidente Donald Trump colocou Cuba na lista de países “patrocinadores do terrorismo”. Em 60 anos de bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, Cuba acumula US$ 154 bilhões (cerca de R$ 750 bi) em prejuízos, segundo relatório apresentado em outubro do ano passado pelo ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez.
Todos os anos, desde 1992, Cuba apresentou um projeto de resolução à Assembleia Geral da ONU sobre a necessidade de suspender o bloqueio dos EUA. Desde então, a maioria dos Estados-membros sempre votou a favor do documento. Neste ano, espera-se que a votação se repita.
“Cuba vive e resiste!”
Em 11 de agosto deste ano, uma campanha que envolve artistas, intelectuais, lideranças políticas, movimentos populares, sindicatos e partidos de todo o mundo busca conseguir um milhão de assinaturas para uma carta que será entregue ao presidente dos EUA, Joe Biden, em 10 de dezembro, para tirar Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo.
A campanha argumenta que a inclusão nessa lista “torna ainda mais difícil para Cuba realizar transações usando sistemas bancários internacionais e, em última análise, adquirir bens necessários no mercado internacional, como combustível, alimentos, materiais de construção, produtos de higiene e medicamentos”.
A iniciativa nasceu da união de oito importantes organizações sociais de presença internacional, especialmente na América Latina, como o Foro de São Paulo, a Via Campesina, a Assembleia Internacional dos Povos, a Marcha Mundial das Mulheres, a Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo, a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas, a ALBA Movimentos e a Rede Latino-Americana de Solidariedade com Cuba.
Já assinaram a carta Chico Buarque, Judith Butler, pesquisadora feminista, João Pedro Stedile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Citlalli Hernández, senadora e secretária-geral do partido mexicano Morena, Peter Mertens, presidente do Partido dos Trabalhadores da Bélgica, Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, e Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, entre outras personalidades.
Edição: Rodrigo Durão Coelho