Celebração

MST na Bahia realiza 10º Encontro da Brigada Nelson Mandela, com entrega de lotes

Movimento Sem Terra organiza a atividade com o tema 'Rumo aos 40 anos do MST'
Foto: Luara Dal Chiavon

Por Daniel Violal
Da Página do MST

Aconteceu entre os dias 10 e 11 de novembro, o 10º Encontro da Brigada Nelson Mandela, na cidade de Medeiros Neto, extremo sul da Bahia. A atividade contou com a presença de cerca de 100 agricultores Sem Terra.

Durante os dois dias realizaram os/as trabalhadores/as Sem Terra realizaram análises e reflexões sobre a organização política e agrária brasileira, assim como dos elementos práticos da luta em defesa da Reforma Agrária Popular. Outros temas discutidos foram: os princípios organizativos do MST; as relações de gênero e o enfrentamento às violências e as ações do MST rumo aos 40 anos.

A mesa de abertura do encontro contou com a participação de representações de movimentos populares, sindicatos, partidos políticos, universidades, representações religiosas e de movimentos de luta pela terra da Bahia. Antônio Paraguai, da direção estadual do MST, ressaltou o papel da luta pela Reforma Agrária na região, bem como a necessidade de construção de alianças para avançar nas conquistas da classe trabalhadora.

São 48 famílias que receberam seus lotes depois de dez anos de luta. Isso significa condições de produzir alimentos saudáveis para suas famílias, além de comercializar no município de Medeiros Neto e na região. Para Elaine Fritz, da direção regional do MST, o 10° Encontro da Brigada Nelson Mandela foi um momento de refletir sobre a atual conjuntura e de planejar os passos da organização das famílias agricultoras. “Seguimos animados e fortalecidos rumo aos 40 anos do MST”, afirmou Fritz.

Foto: Luara Dal Chiavon

Em festa, as companheiras e companheiros de luta celebraram o parcelamento da área do pré-assentamento Merival Ferreira. Este momento consagra a luta das famílias Sem Terra em uma jornada de dez anos de ocupação, resistência e transição agroecológica. O pré-assentamento Merival Ferreira é fruto das lutas populares pela terra e foi ocupado em 2013. Estes deram início às ações na área com determinação e trabalho coletivo na organização dos barracos, áreas coletivas, escola e produção de alimentos.

Foi uma noite muito especial, afirmou Evanildo Costa, da direção nacional do MST-BA. “Entregamos 48 lotes para as famílias do pré-assentamento Merival Ferreira. Essa área é uma das que fazem parte do processo de luta e negociação contra as empresas de celulose, o enfrentamento acontece desde 2010. Essas áreas todas foram engavetadas nos últimos anos, ou seja, não tinha mais perspectiva de desapropriar nenhuma área nova. Por isso, todas essas áreas ficaram paralisada”, complementa Costa.

Segundo ele, com a retomada do governo Lula a expectativa das famílias Sem Terra mudou e essas áreas se tornam assentamentos de Reforma Agrária. “Como é uma área que já está negociada, está pacificada, independente da regularização, a família já pode desenvolver o processo de produção e consolidar definitivamente o assentamento”, finaliza Costa.

Fotos: Luara Dal Chiavon

A produção da área é diversificada, com destaque para as lavouras de aipim, banana, melancia, abóbora, hortaliças e feijões, dentre uma série de frutíferas que garantem a produção de alimentos na região e a geração de renda para as 48 famílias do pré-assentamento. Para o deputado federal, Valmir Assunção, esse é o resultado da luta pela Reforma Agrária, “por isso que as pessoas passam dias, meses e anos de baixo de uma lona preta, porque têm a esperança de ter um pedaço de terra para produzir alimento. Vai ficar marcado a emoção e alegria dessas famílias no momento de receber o seu lote. Mas, ao mesmo tempo, a certeza de que nós vamos fazer dessa área um exemplo de produção, de organização, que vai servir de referência para tantas outras famílias”, finaliza Assunção.

O pré-assentamento conta com uma casa de farinha que garante a produção de farinha de mandioca e abastece o mercado regional, que leva alimento de qualidade à mesa das famílias trabalhadoras da região do extremo sul da Bahia. A partir da entrega dos lotes, as famílias assentadas, iniciam uma nova fase em suas vidas, em que ocupam seus respectivos lotes, realizando um sonho de dez anos de resistência, pela melhoria das condições de vida e também na produção de alimentos de qualidade para o povo baiano. 

Eliane Oliveira, da direção nacional do MST, afirma que “só o MST tem a capacidade de romper a cerca, fincar sua bandeira e construir junto às famílias Sem Terra um projeto de vida e soberania nos territórios. A cidade de Medeiros Neto só tem a ganhas com essa conquista”, finaliza Oliveira.

*Editado por Solange Engelmann