Novembro Negro
MST Sergipe avança nas discussões sobre a questão racial para além do novembro negro
Texto: Díjna Torres
Da Pagina do MST
O mês de novembro é caracterizado no país como o momento em que são discutidas as pautas dos movimentos negros brasileiros, sobretudo no que diz respeito ao dia da consciência negra, celebrado no dia 20. O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST) de Sergipe têm se debruçado na discussão sobre a questão racial para além do 20 de novembro, uma vez que a maioria das comunidades que fazem parte dele é negra.
Vale destacar que o Brasil é o segundo país com a maior população negra no mundo, mas é também, o país que tem índices altíssimos de violência contra a população negra, além de carregar em sua estrutura o racismo. Em Sergipe, dados do último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, apontam que 77,7% da população se autodeclara como preta ou parda, fazendo com que o debate sobre raça seja crucial em todos os espaços de formação.
Para a coordenadora estadual do MST Sergipe, Rosa Oliveira, a questão racial é um debate necessário, sobretudo pela forma como a raça está diretamente ligada à luta pela terra e pela preservação dos territórios. “Considerando que o povo sem-terra em sua maioria é de pretos e pretas pobres de nosso país, faz-se necessária a tomada de conhecimento das questão racial, que é ligada também à questão de classe para melhor nós posicionarmos em relação às lutas, às políticas públicas junto à luta contra o racismo, porque esse também é estrutural assim como o latifúndio no país”, disse.
Rosa segue afirmando que as mulheres na trajetória da humanidade sempre foram as mais afetadas pela estrutura da sociedade vigente, que é a patriarcal, cristã e capitalista, e quando são mulheres pretas, a situação é ainda mais violenta.
“As mulheres pretas e sem-terra vivenciam em seu cotidiano as mais diversas formas de violência e o racismo é mais uma delas. Porém, em Sergipe, o nosso movimento tem se organizado cada vez mais, e gestado ações conduzidas por mulheres fortes, que através de seus trabalhos e construção coletiva, têm se articulado dentro do movimento para avançar na luta e no combate ao racismo”, concluiu.
Para conhecimento
A Lei 7.716/89, conhecida como a Lei do Racismo, objetiva punir os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, bem como o de impedir o acesso ou recusar atendimento em qualquer estabelecimento comercial, órgãos públicos e privados, com pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão. Como diz a célebre frase da filósofa Angela Davis: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”.
*Editado por João Vitor