Resistência e Cultura
Armazém do Campo completa seis anos em BH e comemora com feira da reforma agrária
Por Lucas Wilker
Do Brasil de Fato
O Armazém do Campo de Belo Horizonte, do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), completa seis anos de atividade na capital mineira. Para comemorar, no próximo sábado (2) e domingo (3), o MST promove uma Feira Regional da Reforma Agrária no espaço, que fica na Avenida Augusto de Lima, número 2136, no Barro Preto.
O evento é gratuito e, além da comercialização de alimentos produzidos por agricultores dos acampamentos e assentamentos do MST, conta com programação cultural.
Entre as apresentações confirmadas estão alguns blocos de carnaval tradicionais da cidade, como Truck do Desejo, Filhas de Gabi e Desgarrados e o Samba da Nossa Terra. Para conferir a programação completa, clique neste link.
O Armazém do Campo
A construção do Armazém do Campo representa um marco para a população belo-horizontina. Além de comercializar produtos agroecológicos e propagandear a luta pela reforma agrária, é também um potente polo de cultura do município. Ensaios de blocos de carnaval, oficinas, debates e lançamentos de livros são exemplos de atividades frequentes.
“Hoje não se abrem mais Armazéns sem pensar neste tópico [na cultura]. Isso demonstra também a importância de ter um ponto físico, de referência da luta popular”, comenta
A coordenadora do Armazém de BH, Priscila Araújo, acredita que os seis anos de existência do espaço sinalizam para a necessidade de disputar a construção de uma cidade mais consciente.
“A reforma agrária é muito mais do que assentar pessoas, ocupar, resistir e produzir. A gente precisa criar uma forma de disputar a cidade, disputar pelo alimento saudável, disputar a matriz tecnológica, que hoje é o agronegócio”, avalia Priscila.
Relevância cultural
Ela explica que outra forma de fazer essa disputa é por meio da cultura e da arte, que se destacam na trajetória das lojas, sobretudo na de Belo Horizonte, que foi pioneira em priorizar esse debate.
Priscila ainda destaca que, a partir das trocas e encontros provocados pela arte, foi possível criar no Armazém um ponto de referência para esquerda, que vê o local como símbolo de luta.
O significado da luta
Hoje, o principal desafio da loja em BH é se auto-sustentar, mantendo o funcionamento de sua logística, que vai desde os agricultores que estão na ponta até a cooperativa que transporta os produtos.
“Nosso grande desafio, desde o início, sempre foi criar essa logística em que tudo se encaixa e que a gente consiga, no final das contas, garantir a existência e a sobrevivência do agricultor lá na ponta, que é um dos grandes objetivos”, relata Priscila Araújo.
Apesar das dificuldades, a coordenadora do Armazém do Campo de BH também destaca o respeito e credibilidade conquistados pela iniciativa, a partir da venda de alimentos saudáveis.
Priscila conta que a produção de alimentos, como arroz orgânico, café, verduras e legumes agroecológicos, por exemplo, é um longo processo de trabalho coletivo.
“Embutido nesses produtos tem uma luta que é contra o latifúndio, contra o agronegócio, que passa pela ocupação de terra. O produto só chegou ali porque teve a ocupação da terra”, observa a coordenadora do Armazém do Campo de BH.
Conheça outras lojas
Além da loja em Belo Horizonte, hoje o Armazém do Campo tem outras cinco unidades espalhadas pelo estado, nas cidades de Montes Claros, Juiz de Fora, Almenara, Uberlândia e Teófilo Otoni.
Nacionalmente, existem mais de 30 estabelecimentos em todo o Brasil e a expectativa, segundo Priscila Araújo, é de que a quantidade chegue a um total de 40 lojas até o ano que vem, momento em que o MST completa 40 anos de existência.
Edição: Larissa Costa/ Brasil de Fato