Reforma Agrária Popular
Água: um bem comum para todos
Por Vitória Bruno
Da Página do MST
A Marcha Estadual pela Reforma Agrária na Bahia ocorreu neste mês de abril para denunciar a violência no campo, em memória ao massacre de Eldorado dos Carajás. Em respeito à memória dos 21 companheiros e companheiras que morreram na luta pela terra.
Um dos debates mais pautados pelo Movimento Sem Terra é a contaminação por agrotóxicos, a falta de qualidade da água que se acessa em períodos de seca, a disputa pela água para irrigação são alguns exemplos de conflitos sobre os quais o Movimento se debruça.
Jeanderson Souza, da direção estadual do MST na Bahia, enfatizou que a importância da marcha para debater e pautar a assistência e o acesso à água nos assentamentos e acampamentos era fundamental, visto que é uma demanda necessária.
“Temos muitas áreas que sofrem com a seca e não podemos ver o sofrimento dos companheiros e não reagir diante de uma questão tão necessária e sofrida por muitos. Não vemos outra saída a não ser levar essa pauta para o governo estadual e federal, e também pautar a água para produção, porque o agronegócio detém os modelos de produção, de irrigação, e controla para que agricultores familiares não tenham este acesso. Por isso, políticas públicas são fundamentais para que assim possamos avançar na produção de alimentos saudáveis “.
O Movimento Sem Terra defende que as disputas em torno do acesso à água como direito básico é um dos maiores motivos da violência nas áreas rurais do país, onde a quantidade de água disponível não é suficiente para o consumo diário e ainda para abastecer as roças e potencializar a produção de alimentos.
De acordo com Naiara Santos, da direção estadual do MST na região norte da Bahia, a privatização da água praticada por muitos privilegia as grandes empresas e grandes empresários, assegurando a abundância hídrica para o modelo do agronegócio, através dos perímetros irrigados, excluindo a agricultura familiar e o pequeno produtor.
Passa a ser desumano, criminoso e inconstitucional a forma com que as famílias se encontram. São trabalhadores e trabalhadoras, crianças e idosos, que estão sem acesso a água para cuidar dos afazeres diários e plantar. Por isso cabe a nós enquanto organização Sem Terra, levar essa pauta e debater com o governo federal sobre este assunto tão urgente para nós”.
O MST reafirma a importância da agricultura familiar, que precisa ter espaço nos perímetros irrigados com acesso a terra e água, semeando a resistência e a utopia de se produzir e cultivar alimentação saudável e livre de agrotóxicos em terras públicas e que hoje estão destinadas exclusivamente ao agronegócio.
*Editado por Fernanda Alcântara