Negociações

Resultados da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária em Pernambuco

Mobilizações do Abril de Lutas impulsionaram negociações do MST com governos na esfera estadual e federal
Ocupação do MST no Incra em Recife. Foto: Leonardo Pereira 

Por Francisco Terto
Da Página do MST

As ações do Abril de Lutas do MST no estado de Pernambuco tiveram um papel importante em impulsionaram a abertura de negociações, na esfera do governo federal e estadual. Ainda durante o último dia 19 de abril, as mobilizações resultaram em uma reunião com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) estadual e nacional.

Durante as negociações as famílias Sem Terra do estado apresentaram alguns pontos de pautas, como a necessidade de transferências de terras do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a criação de novos assentamentos.

Além disso, o MST cobrou a necessidade em progredir em várias frentes, com as vistoria de áreas improdutivas nas regiões de Caruaru (Santa Teresa), e Goiana (Usina), para a regularização das famílias Sem Terra. Ainda foram reivindicados o avanço no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), a aquisição e arrecadação da fábrica e terras da Farm Fruit, em Santa Maria da Boa Vista, bem como a agilidade na liberação de créditos agrícolas para os assentamentos.

As ações da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária realizadas pelo MST no estado ocorreram a partir de 14 de abril, com ocupações de latifúndios, seguidos de dois bloqueios de rodovias e ocupação do Incra, em Recife. As ocupações também denunciaram a impunidade dos 28 anos do Massacre de Eldorado do Carajás e prestaram homenagem aos 21 mártires da terra mortos no massacre, e denunciaram a violência no campo que segue desenfreada, reprimindo o direito à Reforma Agrária garantido pela Constituição Federal de 1988.

Os trabalhadores do MST também se reuniram com a chefia do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) para discutir a transferência de tecnologias na esfera das sementes. Já no dia 23, os Sem Terra do estado se deslocaram para Brasília quando se reuniram com representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), e representações de outros órgãos federais para buscar alternativas para as famílias acampadas. Na ocasião estiveram presentes, lideranças do MST de PE e de outros estados, a diretoria nacional da Embrapa, o presidente do INCRA, DNOCS e a presidência da CODEVASF.

Reunião na Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca. Foto: Poliana Souza

No dia 25, na capital pernambucana, Recife, ocorreram negociações junto à Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Agricultura Pecuária e Pesca do estado, com Cícero Moraes. Entre os pontos de pauta estavam a busca na solução de conflitos agrários e despejos, com a criação de uma comissão propositiva para analisar essas questões. Também foi discutida a necessidade de um levantamento sobre áreas devolutas do governo do estado para serem repassadas ao programa Terra da Gente do governo federal; além da solicitação de apoio para as agroindústrias implantadas no estado e a fundação de outras, bem como ações formativas.

Ainda, no dia 25, uma comissão de trabalhadores/as do MST se reuniu com a governadora do estado, Raquel Lyra, no Palácio do Campo das Princesas para dialogar sobre algumas demandas fundamentais para os Sem Terra, como a obtenção de terras, por meio do Programa Terra da Gente, na região da Mata Norte; alternativas para evitar despejos de acampamentos Sem Terra e evitar conflitos no campo; o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar e de Pequeno Porte (Susaf), como proposta do executivo estadual para ajudar na tramitação junto à Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE).

Reunião com a Governadora de PE, Raquel Lyra. Foto: Cha Defol 

Em relação ao Cadastro da Agricultura Familiar (CAF), os Sem Terra ouviram a promessa, do governo do estado, de que será iniciado um mutirão por duas cidades: Petrolândia e Serra Talhada. Também foi discutida a continuidade em um projeto de sementes de milho crioulo e arroz agroecológico no estado e ajustes no Programa Estadual de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PEAAF), quem como o apoio a uma fábrica de bioinsumos do MST.

Também fez parte dos debate e negociações com os governos a necessidade em enfrentar o tema da fome com muito mais celeridade, buscando avançar a partir das cozinhas populares solidárias. Contudo, os Sem Terra ainda buscaram apoio para a formação política, o Festival de Cultura do MST, a priorização nas demandas da pauta da mulheres Sem Terra, apresentadas durante a Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra em março deste ano, e apoio a projetos e programas da educação nas nossas áreas de assentamentos no estado.

*Editado por Solange Engelmann