Solidariedade Sem Terrinha
Crianças Sem Terrinha se solidarizam com as famílias atingidas pelas enchentes no RS
Por Wesley Lima
Da Página do MST
De norte a sul do Brasil, o Movimento Sem Terra, a partir das escolas e centros de ensino, tem desenvolvido um conjunto de atividades formativas e pedagógicas em solidariedade às famílias atingidas pelas fortes chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul.
Mais de 20 escolas de assentamentos e acampamentos, localizadas em 18 municípios de oito estados brasileiros, realizaram atividades com o objetivo de dialogar com as crianças e adolescentes sobre os impactos da crise climática no dia a dia do povo brasileiro, um estudo sobre os biomas e a importância deles na organização social, cultural e política no Brasil e falaram também sobre a solidariedade como um valor e um princípio importante para formação humana.
Silui Maria Spiegker, do assentamento 30 de outubro, em Campos Novos (SC), é educadora na Escola Municipal Padre Josimo Morais Tavares, localizada na própria comunidade. Ela conta que as crianças Sem Terrinha realizaram uma semana de atividades voltadas para a história da luta e como as mudanças climáticas têm impactado os trabalhadores e as trabalhadoras no Rio Grande do Sul.
“Trabalhamos a questão dos animais, da moradia, da importância do cuidado. A gente elencou com destaque a questão do meio ambiente, da preservação das matas. Tudo relacionado ao tema que é a preservação da natureza.”
Com esse conjunto de elementos, Silui explica que a metodologia adotada envolveu a construção de textos e de podcast com as crianças. Os trabalhos foram desenvolvidos pelas turmas do 4º ao 5º ano. Um total de 13 crianças participaram.
Ela explica também que “para além dessas questões, a gente tinha o objetivo de trabalhar a solidariedade e ter empatia”, e continua: “as nossas crianças hoje estão em uma escola, com sua moradia, sua família e que nenhum mal lhe aconteceu. No Rio Grande do Sul foi o contrário. Com isso, buscamos resgatar a questão dos valores, da vida, do cuidado, da preservação, do amor, do respeito que a gente tem que ter pelo outro, com um olhar mais humanitário. Foi uma semana muito interessante neste sentido”, afirma.
Tragédia
Em decorrência das fortes chuvas e enchentes que têm assolado o estado desde a última semana, o boletim desta última quarta-feira (15) da Defesa Civil manteve a contagem de 149 pessoas mortas em todo o estado, com 108 desaparecidas e 806 feridas. As equipes de socorristas já resgataram 76,5 mil pessoas no estado, que soma 2,1 milhão de afetados de alguma forma pela tragédia.
Atualmente, o RS registra 614 mil pessoas fora de casa em razão das cheias – 76,5 mil estão em abrigos e outras 538,2 mil estão na casa de parentes ou amigos.
As enchentes também atingiram as áreas de Reforma Agrária no estado. Até o momento, seis assentamentos do MST foram atingidos na região metropolitana de Porto Alegre e região central do estado, são eles: Integração Gaúcha (IRGA) e Colônia Nonoaiense (IPZ), em Eldorado do Sul; Santa Rita de Cassia e Sino, em Nova Santa Rita; 19 de Setembro, em Guaíba e Tempo Novo, em Taquari.
As enchentes deixaram 870 Sem Terra desabrigados com o alagamento das casas. As perdas também são grandes em relação às estruturas, maquinários, matéria prima, produtos para venda das cooperativas e agroindústrias localizadas nesses assentamentos.
É neste cenário de aprofundamento de crises, que as atividades das escolas e centros de formação do MST se inserem como parte da Campanha de Solidariedade Sem Terra ao Rio Grande do Sul.
Confira abaixo algumas imagens!