Reforma Agrária
Assentamento 2 de Julho é massa, fermento e querer nos 40 anos do MST
Por Coletivo de Comunicação do MST em Minas Gerais
Da Página do MST
Na madrugada de 2 de julho de 1999, dezenas de famílias Sem Terra, mobilizadas pelo MST, romperam o cadeado da porteira da Fazenda Ponte Nova, em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, que não estava cumprindo sua função social.
O Assentamento 2 de Julho celebra o aniversário dessa ocupação, um dia que também marcou o dia mais longo e frio da história dos residentes na luta pela Reforma Agrária. Ao longo dos anos, o Assentamento enfrentou diversos desafios, desde a resistência contra despejos até a criação de estruturas comunitárias que sustentassem não apenas a produção agrícola, mas também a cultura educação popular. Essa trajetória é um testemunho da resistência coletiva.
Confira a Carta de Amarildo Horácio*
Quando surgiu, lá em 1999, o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra foi quem nos guiou. Foi nosso grande mestre! Eu ainda era jovem, completando apenas 15 anos naquele ano.
O tempo passa rápido, não é mesmo, Movimento? Hoje, comemoramos 25 anos de assentamento, mesclando nossa história à sua, que conta com 4 décadas de lutas e conquistas.
Fomos sua primeira ocupação na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Isso é motivo de orgulho para nós até hoje. Mas foi também uma época de muitos desafios.
Foram mais de 10 anos acampados debaixo da lona preta. Dias de sol, frio, chuva, calor e também de cooperação e resistência.
Nesse período, vimos o MST realizar a Marcha Nacional do Rio a Brasília. Enfrentamos juntos o Governo de Fernando Henrique Cardoso, inimigo declarado da Reforma Agrária Popular nos anos 90.
Aprendemos com você, MST, o valor da Solidariedade e fomos solidários com vários companheiros, acolhendo em nosso território outros acampamentos despejados, como o Acampamento Carlos Lamarca e o Acampamento Ho Chi Minh.
Vimos nossa região crescer, conquistando assentamentos como Resistência, Roseli Nunes e Margarida Alves. Também testemunhamos nossa região se transformar na regional Milton Freitas e depois na Brigada Iara Iavelberg. Tantas histórias e tantas homenagens, e em tudo isso estávamos juntos.
Sim, querido MST, vimos tudo isso e continuamos aqui. Não somos mais os mesmos, assim como a água de um rio que passa não volta atrás.
Alguns companheiros ficaram pelo caminho. Outros viram seu próprio caminho se encerrar, deixando saudade e memórias de luta para aqueles que romperam as cercas do latifúndio em busca da Terra e Dignidade.
Encerrando, saiba que estamos nos organizando novamente. A agroecologia nos move e é nosso projeto. Queremos produzir e viver dela. Com a união do Coletivo Juntos Somos Mais Fortes, vamos construir os pilares de uma nova sociedade. Em nosso território, que também é seu, MST, dia a dia, um pouco por dia.
E é com esse grito de ordem, que é o título desta carta-manifesto de aniversário, que a comunidade do Assentamento 2 de Julho retomou o trabalho de base e abriu mais um dia de trabalho, como na manhã de 20 de dezembro de 2023 para construir as agroflorestas e cuidar dos lotes de forma coletiva.
Sob a coordenação do Coletivo de Agroecologia da Regional, a organicidade tem sido retomada. Assim, a implantação representa o festejo do encontro e do trabalho coletivo.
Ao final do plantio do bosque, em assembleia, decidiu-se pelo nome Bosque Popular da Reforma Agrária Terra e Vida.
Na festa julina comemorativa do aniversário do assentamento, revivemos toda essa história de resistência do Assentamento 2 de Julho e sua caminhada ao lado do MST.
*Morador do assentamento e militante do setor de educação.